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Artigos-->Diário de Uma Gordinha -- 14/02/2008 - 01:53 (Adriana SantAnna Albuquerque) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Depois que engordei meus quatorze quilos, meu mundo se fechou, me deixando solitária e triste em um canto. Afastei-me do colégio e dos colegas de escola.

Comecei a perceber a diferença de tratamento das pessoas. Meus amigos e minha irmã não me convidam mais para sair com eles. Parece que têm vergonha de andar com gente gorda. E mesmo se forem diferentes comigo, eu mesma não tenho vontade de me arrumar e sair gorda do jeito que eu estou.

Outra coisa, a gordura me deixa cansada, desanimada para tudo. Meu único prazer se resume unicamente em ver televisão comendo sempre alguma coisa, em sua maioria doces e chocolates.

Meu quarto passou a ser um refúgio,um esconderijo para que meus amigos não possam me ver gorda e assim eu fugir de comentários desagradáveis com relação ao meu peso e meu relaxamento com o corpo e a vida.

Quando o problema se agravou, ou seja, meu peso e meu corpo começaram a inchar rmais e mais, eu passei a evitar olhar-me no espelho fingindo que tudo aquilo não estava acontecendo.

Tomar banho, então, passou a ser uma tortura, pois era o único momento em que tinha contato com o meu corpo direto e era obrigada a ver e me dar conta de todo o estrago que eu havia provocado nele durante esses meses todos.

Perdi a vaidade para tudo. Eu que sempre fiz questão de usar batons, perfumes, brincos e acessórios, mesmo em academias, risquei tudo isso de minha lista, uma vez que escondida e sem ânimo para sequer me olhar no espelho e me arrumar eu tenho. Meu cabelo também começou a ficar muito sujo e mal cuidado, criando caspa e até começou a cair.

Tenho muita vergonha de mim mesma, de ser quem eu sou. Por isso me tranco no quarto, apago a luz e vejo televisão. Para tentar esquecer que eu existo, que eu tenho uma vida e que esta é uma "merda". Daí, analisando psicologicamente, eu prefiro vivenciar a vida de um personagem de novela onde os finais são sempre felizes e você não precisa se esforçar muito para isso. É uma espécie de hipnose. Você passa a ter uma vida virtual. Só que, de repente, a novela acaba, você se dá conta de que não pode ficar só alí deitada e quando levanta se depara com o espelho, com aquele rosto inchado, depois de ter passado horas em frente à televisão, comendo uma caixa de quatrocentos e oitenta gramas de chocolate branco.

E minha vida se resume nisso. Só vivo deitada, vendo TV e comendo o dia todo e algumas vezes para variar, dando umas pedaladas de bicicleta, quando canso de ficar deitada, mas nada que mude meu peso na balança.

Na verdade eu tenho, sinto e preciso dar um basta nisso.

Eu tenho duas opções: continuar me escondendo do mundo trancada no meu quarto e engordando cada vez mais ou modificando minha forma de encarar a vida e passando a criar a minha própria história "novela". Uma historia real, vivendo de verdade.

Tudo o que eu quero é ter um estudo agradável como as outras pessoas da minha idade, mas ser gorda me impede de ter tudo isso.

Preciso encontrar a solução para meus problemas que, aliás, são dois. Um interligado no outro.

O primeiro é a baixa auto-estima, a depressão profunda, esse desânimo horrível que aos poucos foi tomando conta de mim e logo já me domina com força total.

O segundo é o meu sobrepeso que aumenta a cada dia. Quanto mais eu tento emagrecer, mais eu engodo. E esse fracasso também tem a ver com minha depressão. É um ciclo: Como porque estou deprimida e desmotivada para vencer a gordura e acabo engordando e fico mais deprimida ainda porque engordei e assim sucessivamente.

Resumindo: "Como porque engordo; engordo porque como".

Fevereiro de 2006

Menina Maluquinha

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