Agiotas asfixiantes
Fernando Zocca
Por lembrar o velho fusca, ter o filho furtado um igual, num bairro não muito distante, resolveram os famíliares do ladrão, destruir o fusca semelhante, da família que se mudara na casa vizinha.
Por causar o velho carroceiro, recordações de situação similar, na vadia nora agregada, o grupamento de ladrões decidiu arruinar, por envenenamento, o catador de papéis.
Destruição: é o que faz a loucura, a fereza do hedonista que obnubilado por tanta droga, não consegue ver, por impotência, outra solução para suas dores de cabeça.
O buscador desenfreado de prazer chega a um desenvolvimento tal que não discerne mais entre os limites do direito próprio e alheio. Manifesta-se então a arrogância, o machismo, e o autoritarismo, sufocadores das liberdades individuais.
Um marido de adúltera, que se dedica a dedilhar o teclado e beber pinga nos finais de tarde e fins de semana, pode não ter na consciência estreitada, o pejo de que suas atitudes perturbariam outras pessoas, sem dar-lhes alternativa de escolha.
Se um programa de rádio, TV ou texto lhe perturba, você pode muito bem mudar de canal, estação ou de Blog. Mas o louco marido da prevaricadora, não percebe, ou finge não perceber, que o som que ele emite sobre os muros não pode ser evitado pelos circundantes.
A diferença que existe entre os seres civilizados, educados, filhos de boas mães, de pais honestos e dos descendentes de pais ladrões, mães inconsequentes, você nota nas atitudes.
O sujeito, cuja mãe tripudia sobre a honra do pai, o sujeito do qual a esposa adultera para manter o emprego e não se sente nem ao menos asfixiado, como se sentiria alguém sem fôlego, ao tratar com usurários, não pode ter boa educação, boa índole.
Você não se percebe desconfortável, sem jeito, e incomodado, ao tratar de assuntos de crédito, pagamentos, permanência em filas, quando está em certo estabelecimento institucional de agiotagem?
Não lhe parece que tiram-lhe o ar, deixando-o sufocado, asfixiado?
Pois é assim que funciona o "aparelho" dos opressores, dos sufocadores, dos assassinos da alma. Essa gente vive explorando a necessidade alheia, impingindo juros sobre juros, tornando o pagamento quase impossível.
E não esperam esses credores malditos outra coisa do que a transformação dos seus devedores em escravos?
Escravos sim! E como tal mantidos longe, bem longe, numa distância tal que não impossibilitem a realização de novas e constantes bacanais.
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