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Artigos-->VISITA À VILLE D´ALMÈ DE ALDO LOCATELLI -- 28/03/2008 - 13:11 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
VISITA À VILLE D´ALMÈ DE ALDO LOCATELLI



L. C. Vinholes



Nota de 29 de março de 2008: este artigo foi escrito especialmente para o Diário Popular de Peloltas, RS, e nele publicado em 14/03/2008.



ARTIGO



Desde que os integrantes da Comissão de Villa d’Almè, na província de Bergamo, região da Lombardia, procuraram-me para colaborar no levantamento de dados e informações relativas à presença de Aldo Locatelli no Brasil, tive a intenção de visitar a terra natal do pintor que dedicou tantos anos da sua vida à prática e ao ensino da pintura em Pelotas e em outras cidades gaúchas.



Quero recordar que quando Locatelli chegou a Pelotas eu terminava o curso ginasial no Colégio Gonzaga. Muitas vezes, quando as aulas da tarde terminavam, deixava meus livros e cadernos na sacristia da Catedral, aos cuidados do sacristão-mor Mario Fracalanza ou do padre Firmino Dalcin, e subia as escadas dos andaimes da nave principal ou da cúpula para chegar ao patamar onde Locatelli, passava com carbono às paredes cobertas de gesso os croquis que fazia das cenas que depois pintaria para perpetuá-las em coloridos afrescos. Foram tantas as vezes que lá estive que fiquei amigo não só de Aldo mas, também, de Adolfo Gardoni e Emilio Sessa responsáveis pelos florais, aplicações dos relevos em gesso e cobertura das superfícies com folhas de ouro.



Foi com eles que aprendi algumas das expressões básicas da língua italiana enriquecendo as que já conhecia das canções napolitanas que aprendera com Caetano Maio, vizinho da rua Argolo e pai das amigas de minha infância Lígia, Inês, Rosinha, irmãs do meu xará Luiz Carlos; das que cantava acompanhado ao piano pelo Alcebíades de Souza ou pelo amigo Francisco Vidal; e, inclusive, daquelas clássicas e refinadas que, mais tarde, estudei com a professora Lourdes Nascimento. Só que o aprendizado das novas expressões era dificultado pelas, para mim, complicadas explicações que Aldo e os outros dois artistas davam com relação ao italiano oficial, padrão, e o dialeto por eles falado em Bergamo.



Foi vendo Aldo pintar que tomei conhecimento ser uma prática dos pintores de cenas bíblicas desde o Renascimento, incluir entre os componentes dos grupos rostos de pessoas conhecidas na cidade e região onde a obra estava sendo executada. Nas cenas das paredes laterais da nave central da Catedral de Pelotas estão rostos de pessoas que eu conheci e com algumas das quais convivi. Dentre estas estão o do maestro José Pinto Bandeira, mestre-de-capela da Catedral, e de Alice Loréa, uma das colaboradoras mais chegadas ao bispo dom Antônio Zattera.



Na manhã de 7 de agosto de 1999, Helena e eu deixamos Milão pelo trem que saiu da Estação Central e, em menos de uma hora, nos levou a Bergamo. Ali, caminhamos uns 200 metros até o ponto dos ônibus e embarcamos às 10h45. Em uma hora estávamos em Ville d’Almè, comuna de cerca de 6.500 habitantes, e andamos pelas ruas desiguais, tortuosas, estreitas, com casario ora velho com suas minúsculas samambaias pelas paredes úmidas, ora contemporâneo com portas e janelas de uma indústria mais recente. Fotografamos estátuas na praça da prefeitura e na estrada que atravessa a cidade. Chegamos à rua Aldo Locatelli e nela nada identificamos que se relacionasse ao pintor. Estávamos por regressar a Bergamo quando encontramos o sacerdote dom Fabiani que disse ter sido companheiro de Aldo e nos deu dicas importantes: a) na rua Aldo Locatelli estava a casa onde ele nasceu mas que derrubaram para erguer o prédio de um albergue; e b) depois de San Pelegrino, cidade distante de Bergamo, fica a igreja do povoado de Santa Croce, com réplica por Locatelli da Primeira Missa do Brasil. Desistimos de retornar a Bergamo e, para conferir, fomos novamente à rua Aldo Locatelli. No caminho, uma anciã percebendo que procurávamos por algum endereço se ofereceu a ajudar-nos. Informou que o referido albergue está em frente ao oratório à Nossa Senhora, incrustado na parede do lado oposto. Lá fomos e lá tiramos mais fotos. Disse-nos a senhora que naquele oratório os Locatelli, inclusive Aldo ainda menino, costumavam colocar flores e rezar. Saindo dali, pegamos o ônibus que nos levaria a São Peregrino, terra das famosas águas minerais e termais que competem com tantas outras nos mercados da Itália onde a água das torneiras tem tanto calcário que se torna imprestável como água de beber e que destrói as máquinas de lavar quando não se usa um anti-calcário. Informados da incompatibilidade dos horários de ônibus entre São Peregrino e Santa Cruz com os destinados a Milão iniciamos a viagem de volta e perdemos a oportunidade de conhecer a contraparte da obra de Vitor Meireles levada por Locatelli do Brasil à sua Itália.

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