Querida mãezinha,
A tua lembrança preenche os meus dias. Muitas vezes choro, muitas vezes rio. E assim caminho, sem um pedaço do chão sob os meus pés.
Há saudade dos teus braços, dos teus beijos e afagos. Há saudade do teu sorriso sempre pronto, da tua forma incondicional de me amar. Há saudade do teu pensamento me acompanhando em todos meus passos.
Há muita saudade. A saudade dói. E me calo, para tentar ouvir tuas palavras de esperança e alegria. Assim me alegro.
Sou uma parte de ti, mãezinha. Tento juntar meus pedaços para ser mais parecida contigo. Assim poderei me encontrar.
Há saudade de encontrar-te para não mais chorar.
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Maman, maman.
Fernando Pessoa
(27-4-1935)
Maman, maman.
Ton petit enfant
Devenu grand
N en est que plus triste.
Maman, maman,
Tu me manques tant
Pourquoi t ai je perdue?
Mon coeur d enfant
Tont petit enfant
De toujours,
N est-il devenu d un grand
Que pour te perdre de vue
Et ne plus avoir ton amour?
Maman, maman,
Morte tu es sans doute
Quelque part ou tu m écoutes
Vois: je suis toujours ton enfant
Ton petit enfant
Devenu grand,
Et plein de larmes et de doutes.
Et qui n a a ni plaisir ni route.
Dieu est peut-être bon, maman,
Et un jour
Où l on ne pleurera ci-bas
Où l on ne m y pleurera pas,
Je reviendrai à ton amour
Un petit enfant
Pour toujours dans tes bras
Maman, maman, oh, maman!!!
Fernando Pessoa
(27-4-1935)
***
Cláudia Azevedo
29/07/02
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