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Artigos-->Carnabeirão é Pira -- 14/04/2008 - 19:02 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Eu nunca gostei do Carnabeirão. Nunca tinha participado da festa. Essa era uma antipatia do tipo “não vi e não gostei”, baseada em preconceitos: axé é um gênero (!) musical que não me encanta; caminhar atrás de um trio-elétrico, só de pensar, me cansa; gastar uma pequena fortuna para ter acesso a isso tudo sempre me pareceu uma falta de juízo.

Mas agora eu não posso mais sustentar essa posição preconceituosa: eu fui ao Carnabeirão. No sábado e no domingo. Se antes eu era um crítico leviano da micareta que dizem ser uma das mais importantes do calendário nacional dos eventos sem muita importância, agora não sou mais. Sou um antipatizante com argumentos de prova concreta. Eu fui, eu vi e não gostei. Agora é um pós-conceito.

Antes que você me julgue um chato, coisa que talvez eu seja mesmo, permita-me apresentar minhas objeções. Considere que são observações de um adulto, mais para quarentão que para trintão, interessado em manifestações culturais autênticas, seja lá o que signifiquem autenticidade e cultura. É importante entender isso para, de pronto, acolher com bons ouvidos minha confissão de incapacidade para entender o prazer de dar voltas em torno da tal Praça da Alegria em perseguição a um caminhão que toca música pulante (dançante que ela não é...) e numa rua feita de lama. Esse é o Carnabeirão dos Blocos. É a moçada e a rapaziada distribuindo beijos ao acaso e tentando impressionar os camarotes.

E eu lá, burguesamente instalado num desses camarotes. Burguês de araque: fui gentilmente convidado por uma instituição de ensino da cidade (aliás, todas as universidades mantêm camarotes por lá...). É isso mesmo... Não paguei para entrar e ainda me acho no direito de reclamar. Faça o seguinte: não me dê crédito. Já disse que há uma chance de que eu seja um chato. Chato que não precisou de galochas nem no sábado, nem no domingo. Os camarotes ficam longe da lama. Em termos estruturais o Carnabeirão é no mínimo bem montado. Assim, pude ficar ao lado do amor da minha vida numa espécie de festa privada, cercado de pessoas interessantes e com direito a show de Axé passando pela janela. Tirando os shows, acho que poderia fazer isso num bar ou na casa de um amigo, sem precisar andar quilômetro e meio do carro ao kartódromo embaixo de chuva. Ai, as galochas!

A passagem dos trios pelos camarotes é tão rápida que, se a máquina digital travar, não dá tempo de ligá-la novamente. A banda já debandou. Vai ser bom não foi? Só nessa hora, melhor, só nesses segundos é que o som fica inteligível. Aliás, como espetáculo musical, o Carnabeirão é pior que corneta de quermesse anunciando número de bingo. Pura distorção. Principalmente o trio do Chiclete com Banana que, perdoe-me fã, acha que tem o direito de obrigar os pagantes a ouvir o nome da banda nos refrões de todas as músicas que cantam. O povo paga e ainda divulga a banda. Eles que me paguem! Já pensou se, em vez de eu escrever um texto, ficasse repetindo: Caaaassiiiiano, oba, oba! Caaaassiiiiano, oba, oba! Haja chiclete, haja banana!

A prova principal de que o Carnabeirão precisa se repensar como opção de entretenimento, não veio de uma Banda de Axé Music. Tudo bem, teve a Ivete Sangalo que sabe se comportar como profissional e, pernas pra lá e pra cá, mostra que entende que um show é um show, mesmo que seja sobre rodas. Mas a surpresa positiva do Carnabeirão não veio da Bahia e nem vestia batas afro. Não é que, fim de noite de domingo, uma dupla sertaneja made in Ribeirão City invade o lamaçal e, gogó afiado, som limpinho, inventa um tal de Carnapira. É isso: Maurício e Marcelo, cantando moda, fizeram a noite valer a pena. Vibrantes, honestos e audíveis.

Quem diria: o melhor do Carna foi o Pira! Sem querer ser chato...

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