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Cronicas-->O Espanhol no Rio de Janeiro Feliz -- 08/04/2002 - 16:24 (Ingrid Valiengo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O espanhol chega ao Rio de Janeiro pela primeira vez. Quase não acredita que poderá enfim deslumbrar-se com as belezas da cidade. Eu, Jorge e Raphael esperamos por ele no aeroporto. O sujeito é chefe de reportagem de um dos melhores jornais do mundo. A produção gráfica desse jornal é invejada em toda parte da terra, mas meu chefe já avisa: não há efeito especial que fascine mais a esse espanhol do que as belas paisagens do Rio.
A criatura chega animada e diz que o nome do aeroporto (Tom Jobim) já é um ótimo pretexto para conhecer a cidade. No carro, conversamos sobre jornais e estrutura gráfica no Brasil, mas o espanhol não quer nem saber de conversa. Fica de olho na janela, apenas olhando a tal sonhada cidade. Por um momento, ele interrompe a conversa e pergunta qual o hotel que irá ficar. Depois de toda a explicação ele vira o corpo para as ruas e nem presta mais atenção na vida dentro do carro.
Deixamos nosso visitante no hotel e voltamos para o trabalho. Na redação, rimos muito de todo o deslumbre do espanhol. Raphael até compara: diz que estivéssemos desembarcando em Barcelona, estaríamos da mesma forma.
O turista espanhol veio ao Brasil para dar um curso de edição de imagens e logo na primeira aula começa a juntar todas as maravilhas do Rio de Janeiro num só plano. Confesso que não aguento mais trocar o Cristo Redentor de lugar aqui no eu computador. Mas não adianta fazer cara feia. É isso o que ele quer.
Para o espanto de todos, o espanhol diz que já chega por hoje e que ele vai conhecer a cidade. Raphael me cutuca : o que mais tem para esse homem conhecer?
Chegando em casa eu fico com a sensação de que o grande valor que tentamos dar ao nosso país se perde com o tempo. Já não olhamos mais para as coisas boas que temos por aqui.
Ontem mesmo eu estava lendo uma crónica que contava uma história interessante. "O jovem mineiro foi mandado a Paris, porque a família queria que ele absorvesse cultura e cosmopolitismo. Lá, sua hospedeira preparou-lhe visitas a museus e lugares históricos. O rapaz ia, via, voltava e quando lhe perguntavam o que achou do Louvre, do túmulo de Napoleão, da Place de Vosges, ele secamente respondia: "Interessante". Até o dia em que voltou de um desses passeios com estranha felicidade no semblante. O que teria visto? Explicou comovido: "Olha, havia uma demonstração de criadores de gado no Champs Elysées. Havia lá uma verdadeira manada e aí", dizia ele radiante, "eu vi lindas bostas de vaca no chão de Paris".
Pois é, talvez o espanhol esteja deslumbrado ao ponto de não perceber as favelas ou a miséria no Rio de Janeiro, mas acho que muitos, inclusive eu, não percebo a beleza da cidade.

Ontem estava vendo um documentário maravilhoso sobre o Século XX chamado "Nós que aqui estamos, por vós esperamos". No final há uma frase, a qual eu não sei quem escreveu. Só sei que foi há mais de cem anos e não foi escrita por um brasileiro.
"Dizem que há um homem feliz. E dizem também que ele mora lá no Brasil".

Sabe, vou dar um passeio por essa cidade...

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