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Poesias-->A lágrima, o espelho e eu -- 23/08/2002 - 00:35 (Alyne Roberta Neves Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Ainda não deu tempo de ter saudade

Ainda não deu tempo de parar pra pensar

De doer tudo que há pra doer

De chorar quando o leite todo já derramou

Fostes como chegastes: Sem certeza alguma

E assim sem pressa... Sem muita explicação

Restaram-me a lágrima e o fosso da tua ausência

Estou como esta lágrima que rola na face sem timidez

Que cai do meu rosto na rua, em plena multidão

Estou como o lixo escondido embaixo do tapete

Ainda não deu tempo de abrir o gás

Ainda não deu tempo de limpar a casa

De ir embora pra onde der pra ir

De olhar pro lado e ver um riso novo

Sempre fostes metade! Parte tua vagava pelo abismo dos medos

E assim sem pressa... Sem entrega plena...

Restaram-me a lágrima e a cadeia da minha própria liberdade

Estou nas grades sem querer sair

Sem forças ainda pra andar pelas novas estradas acima das montanhas

Restaram-me a lágrima o espelho e eu

Eu... Buscando compreender o que ainda sou

Eu... Buscando dimensionar o que posso ser

Eu... Buscando aprender com o que fui um dia

Restaram-me a lágrima, o espelho e Eu!





Ssa, agosto de 2002
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