Usina de Letras
Usina de Letras
252 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62152 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10448)

Cronicas (22529)

Discursos (3238)

Ensaios - (10339)

Erótico (13567)

Frases (50555)

Humor (20023)

Infantil (5418)

Infanto Juvenil (4750)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140788)

Redação (3301)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6177)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Os bichos e o terceiro mandato -- 16/04/2008 - 21:31 (Athos Ronaldo Miralha da Cunha) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos






Os bichos e o terceiro mandato

Athos Ronaldo Miralha da Cunha



Para tomar uma importante decisão os bichos reuniram-se em assembléia. A discussão seria acerca do terceiro mandato do presidente da floresta, pois uma mudança dessas afetaria muito suas vidas e o destino da nação. Os bichos estavam profundamente preocupados.



O leão e a coruja foram eleitos para formar a mesa condutora dos trabalhos. O leão presidente e a coruja secretária. O rei da selva explicou, calmamente, todo o processo a ser seguido, se bem que volta e meia escapou um rugido, e logo abriu para intervenção dos demais bichos presentes.



Um princípio de tumulto com a primeira inscrição, justamente, a do sapo da barba preta.

O sapo da barba preta falou como nos tempos de sindicalista e primeiro presidente dos sindicatos dos bichos trabalhadores da floresta. Fez um discurso eloqüente e disse que era um absurdo, um atentado contra a democracia essa emenda para contemplar o presidente com um terceiro mandato e completou: querem rasgar a constituição. Concluiu afirmando que não estava de bom humor. E foi, efusivamente, aplaudido.

– Esse é o cara! – gritou um antigo amigo.



O sapo da barba branca entrou no recinto sorrindo, distribuiu beijos e abraços e, também, opinou como o seu irmão mais moço, o sapo barbudo da barba preta. Era contra a emenda para o terceiro mandato. Mas a turma não acreditou muito. Não convenceu e todos achavam que no fundo, lá no fundo, no íntimo, ele era favorável. A intervenção foi muito branda e com pouca convicção. A bicharada toda ficou meio desconfiada, pois o sapo novo era radical em demasia e o sapo velho era mais condescendente. Sendo eles irmãos, bateu uma desconfiança geral.

– Muito estranho! – falou o mesmo antigo amigo.



O macaco velho falou... falou... pulou... pulou... de um lado para outro e não se definiu. Acabou em cima do muro. Aplaudia qualquer um por qualquer motivo.

Uma raposa anciã também fez o estilo macaco velho. Enrolou disse que sim, disse que não. E ficou por isso mesmo. Uma outra raposa velha foi mais radical e se posicionou abertamente favorável ao terceiro mandato. E recebeu uma grande vaia.

O pato fez um discurso eloqüente em favor dos oprimidos e que o polvo sempre era o seu principal credor. No governo anterior, e no atual, era sempre o polvo que honrava os compromissos com ele. E encerrou dizendo que seria favorável ao terceiro mandato se todos os bichos pagassem o pato e não apenas o polvo. O polvo ficou radiante com a intervenção.



A coruja, com toda a sua sabedoria, fez algumas indagações. Por que só o pato recebe e, apenas, o polvo que paga? Todos deveriam pagar. Todos deveriam receber. De acordo com sua necessidade e de acordo com sua... – o leão interrompe e cochichou em seu ouvido. – Eu não quero saber se vai ter terceiro mandato ou não e quem paga quem. Eu vou continuar mordendo.

Os moluscos entraram na assembléia com posição fechada, e todos falaram favoravelmente ao terceiro mandato. E isso causou um problema sério, um constrangimento, pois foram acusados de nepotismo já que todos eram primos do presidente. O polvo era o mais flexível dos moluscos queria apenas parar de pagar o pato. Mas estava desacoroçoado. O polvo tinha certeza que no final da assembléia teria que passar no guichê do pato.

O gato entrou de mansinho ficou na espreita e saiu na moita quando o corrupião entrou na sala da assembléia com uma mala preta e colocou em cima da mesa próxima ao leão. A coruja não gostou e ficou incomodada



Nesse momento a vaca resolveu ir embora e foi para o brejo. O burro disse apenas: eu não sei de nada e saiu. A mula manca foi logo atrás reclamando que ninguém dava importância para ela. A pomba disse que era da paz e não se incomodava com nada.

O cordeiro não estava nem aí, disse que tanto faz. Ele se adaptaria facilmente a qualquer modelo, mandato ou presidente seja ele com barba, sem barba, com bigode, bigodinho ou bigodão, colarinho engomado, com aquilo roxo ou rosa, topete ou seja lá o que for.

Embora todo aquele imbróglio e discussões temperadas com xingamentos raivosos a vaca amarela entrou muda e saiu calada. O boi da cara preta simplesmente não deu as caras.



O tucano mineiro apareceu com uma estrela no peito e sofreu uma estrondosa vaia, mas foi o mais radical. Não quis conversa com ninguém e que se fosse aprovada a emenda maldita da re-reeleição ele proporia uma CPI exclusiva no sanado.

O coelho chegou todo esbaforido, estava atrasado e desesperado pedindo, suplicando para todos que aprovassem o terceiro mandato, pois o presidente disse que não queria uma nova reeleição porque queria comer coelho assado na sua cidade no interior de São Paulo. E concluiu: vejam amigos e eu aqui sou o que tem compromissos com as crianças na páscoa. Além do mais, não quero me transformar em churrasquinho de ex-presidente. Por que o presidente não come pato assado, pois e a ele que sempre o polvo paga?



De repente fez-se silêncio no recinto. Todos entreolharam-se. O molusco marinho havia chegado...

Dirigiu-se diretamente para o púlpito e começou o discurso. – Nunca na história dessa floresta...







Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui