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Cordel-->A Saga de Adelino e o Boi Tufão -- 19/02/2003 - 10:22 (Sérgio Morango) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


É difícil, mas tem boi que consegue ser mais famoso que vaqueiro...

Esse é o caso de boi Tufão
Ele adora vaquejada
Pois sai sempre campeão
Já caiu, já desandou...
Mais as vergonhas de fora
Isso nunca ele deixou!

Sua história começou
No sertão do Piauí,
Desde que era garrote
Já evitava cair.
Os vaqueiros na desculpa
Caiam sempre na mesma,
Diziam que o Tufão
Tinha parte com o capeta
Que também eles chamavam
De “Coisa Ruim” e “Tribufú”
A questão é que Tufão
Não perdia pra nenhum.
Sua dona, uma viúva...
Toda cheia de mistério,
Só botou o pé na rua
Quando veio do cemitério
Diz o povo que o boi comeu
Os testículos do marido
Depois montou na esposa
Daí ela ter parido
A parteira Rita Bastos
Esposa de seu Onofre
Fez ali o último parto
Depois teve uma trombose.
O menino ali nascido,
Só visto por dona Rita
Foi mandado pra bem longe
Lá pros lados da Bahia
Diziam que o menino
Era a cara de Tufão
Quatro cascos no lugar
De cada pé, cada mão.

Mas voltemos a história
De Tufão cair ou não...
Adelino de Chicória
Apostou o seu gibão
-Nem que seja na Escócia
Eu boto esse boi no chão,
Vai pro quinto do inferno
Se tem parte com o Cão.
Nisso tinha um neguinho
Ninguém sabe de onde veio,
Se foi parido ou cuspido
Se foi no arroto ou no peido
Depois de ouvir foi correndo
Contar tudo pra Tufão,
Quem viu, jura que o boi
Prestou toda atenção
Depois que tudo foi dito
Tufão em agradecimento
Lambeu o pé do menino
Para o seu contentamento
Só em lamber o pé
Fechou logo uma ferida,
Acabou com o chulé
Que era uma fedentina
Desencravou duas unhas,
De uma frieira curou,
De bicho de pé tinha uns dez
Que a lambida lhe secou.
Adelino ouviu isso
E ficou a imaginar
-Se o boi tem um neguinho
Pra mode lhe ajudar
Eu vou atrás dum menino,
Para me auxiliar...

Pegou Joca de Esteves
Que era o coroinha
Dizia que quando crescesse
Usaria uma batina.
O menino tudo ouvia
Da proposta do vaqueiro
“Se botasse o boi no chão,
lhe daria um novo terço”
Então Joca refletindo
Coçando a testa com a mão
Disse, - é seu Adelino...
Eu aceito a missão
Já ouvi falar no Tufão
E no neguinho safado
Um tem parte com o Cão
O outro é seu secretário,
Vamo lá pegar os dois
Vai ser farinha no mel
O senhor fica famoso
E eu viro herói no céu.
Nisso Joca foi benzer
A montaria do vaqueiro
Levou cela, luva e espora...
Mas o padre, um fuleiro...
Disse, - eu num acredito...
Devo ta é vendo mal
Tire já a troçaiada
Da minha pia batismal,
Quando me tornei padre
Eu fiz muito juramento
E não vou quebrá-lo agora
Só por causa dum jumento.

Joca que só pensava
De no céu virá herói
Perdeu ali sua chance
Ao acuar padre Elói
Cometeu logo pecado
De injúria e difamação,
Chantageou o coitado
Passando nele um sermão.
Padre Elói vendo seus erros
Que existiam realmente
Aumentados de tal forma
Por um jovem inconseqüente,
Pensou “eu tô é lascado”,
É como diz o ditado...
Deus quando dar a farinha
O diabo vem rouba o saco

Joca que era esperto
E tinha ganhado a peleja
Disse padre não se assuste
Vamos deixar de besteira
Esqueça tudo que eu disse
E benza logo a troçada
Que eu vou reza por você
Na sua hora sagrada
Não vou deixar o amigo
Do novo herói do céu
Ir pro quinto do inferno
E viver comendo fel
Padre Eloi que só pensava
Em seu pecado mortal
Disse me dê logo aqui
As vestes do animal.
Joca saiu alegre
Com a montaria benzida
Não sabia que ali
Comprometeu sua vida

Começou enfim a saga
A sorte tava lançada
A grande batalha marcada
Começou a ser travada
O representante do Cão
Junto com seu secretário
Adelino e seu gibão
E Joca seu missionário.
Tufão olhou pra Adelino
E esse sem perder a pose
Viu faísca nos seus olhos
E um cheiro de enxofre
Danou-se tudim na carreira
A poeira saiu do chão
Adelino na soleira
Do boi chamado Tufão.
Deu o pingo do mei-dia
De peleja, cinco horas.
Era muita valentia
Não iam parar agora
Quando deu de tardezinha
Já chegando a aurora
De longe se avistava
Um grande pé de algaroba
Foi pra lá que o boi mirou
Levando Adelino em seu rastro
E o que eu vou contar agora
Só se ouve o comentário...
Batendo no tronco da árvore
Tufão desapareceu
Numa nuvem de fumaça
Que o céu escureceu
Era tanta a fumaça
Que engoliu o vaqueiro
Até hoje não se acha
Um pedaço derradeiro.

Pra terminar a história
Vamos dizer quem ficou...
Ficou Joca de Esteves
Que com o neguinho fundou
Um grande partido político
E com a lábia que ganhou
Um hoje é o senador
O outro governador.
A viúva de Tufão
Casou-se com padre Elói
Que largou o sacerdócio
E hoje é um de nós.
Dona Rita, ex-parteira...
Acometida de trombose
Teve um derrame no quengo
E ainda tem artrose,
Mas o ovário sadio
De quem nunca ter parido
Teve logo três meninos
João, José e Toinho.

Essa história seu doutor
Diga que é mentira não,
Só quem viu acreditou
Na história de Tufão
Entrou na perna do pinto
Saiu na perna do pato
Boi Tufão mandou dizer
Que cada um conte mais quatro.

por Sérgio Morango
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