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Cartas-->Carta desabafo -- 30/07/2002 - 15:36 (Ramsés Pereira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Tudo começa à primeira hora do dia.Ela me sacode na cama,com aquela cara de sempre,um ar indiciador,como um dedo apontado ao nariz.Não é lá muito cedo(na verdade são 12:00h do dia)mas esta não é maneira mais adequada de se acordar alguém.O fato é que já acordo um tanto quanto puto da vida por conta de um atrito na madrugada anterior,a coisa foi feia.Uma irmã pequena aos prantos e berros(são quatro dentes nascendo,febre,tosse)uma mãe que levanta de sua cama irritada(são 3:00h da manhã,a tv está ligada,dois irmãos conversam sobre uma bobagem qualquer)...isso não poderia ter um bom final.
Minha irmã sobe pra tentar conter o choro da criança e,em chegando ao quarto dá de cara com a minha mãe louca de ódio,quase arrancando os cabelos.Aí é que começa a discussão,a mãe acusa,a filha se contém,a mãe acusa a filha se contém,a mãe acusa,a filha se defende.A discussão vira pancadaria,a mãe bate"Você não me respeita" a filha apanha"Bate,bate mais",tudo isso repetidas vezes.Eu entro pra tentar arrefecer os ânimos, controlar a situação,pra variar saio chamuscado.Nessa hora chega o marido(não é meu pai mas bem que minha mãe gostaria que assim o fosse)e atira uma cadeira ao chão,pra chamar a atenção,pra acabar com aquela bagunça.Eu seguro minha mãe pelos braços,ela está enlouquecida,quer bater em minha irmã com uma vassoura,depois com uma cadeira.Digo pra irmos dormir e ela sai dizendo"Se eu quisesse bater nela ninguém teria me segurado".A criança chora cada vez mais alto, o grito já é a esta altura insuportável.Subimos todos finalmente e vamos dormir.O dia seguinte nos aguarda.
Sorrateiramente ela se aproxima do quarto onde minha irmã e eu conversamos,baixinho pra que ninguem nos ouça.O esforço é inútil,o desconforto logo se instaura.Estávamos sim criticando algumas atitudes e sua forma de pensar,claro,enquanto humanos temos o direito à divergência de opiniões.Mas ela mais uma vez com aquele olhar inquisitor nos invade com um discurso vago,desprovido de coerência,de qualquer indício de sensibilidade(que aliás ela tenta fingir que tem mas, a quem ela pensa que engana,hein?).Me atrevo até mesmo a imaginar a desprovisão de verdade.Que heresia a minha,duvidar da sinceridade da minha própria mãe?Na verdade não posso controlar é um ato quase que instintivo,brota em mim tal qual uma necessidade fisiológica(você pode até mesmo dizer que isto é tudo um monte de merda,hehe)e não posso conter a vontade de responder às suas provocações.Atitude sim,isso ela tem bastante.Ela está longe de ser uma má pessoa,digo até que não vivo sem ela.Ela é pra mim a pessoa mais importante de todas as que me circundam mas,não dá pra concordar com tudo o que ela diz,com tudo o que ela pensa.É bastante difícil viver com uma pessoa com a qual eu tenho diversos atritos durante o dia.E o pior, por pura besteira,por puro orgulho,dela.Eu na condição de filho sequer tenho esse direito.Eu digo pra ela que quero ir embora.Ela diz que não tenho emprego,que não tenho como sair de lá e ainda pergunta por que quero sair de lá.Fico me perguntando,que maldito apoio é este que ela diz me dar(ela costuma dizer que me apoia em tudo o que faço,difícil é sentir este apoio)deste jeito eu vou morrer na sarjeta mendigando,pois,ela consegue detonar qualquer resquício de ânimo pra luta.Desdenha dos meus argumentos,debocha,ironiza,ri,faz de conta que não ouve,você sabe,aquelas velhas táticas de político,desmoralizar o oponente,afetar sua credibilidade.Veja só você,eu estou me referindo à minha mão com um adversário.Ela sempre criticou isso no meu pai.Quereria meu pai realmente competir com ela ou estaria ela errada na maioria das situações?Às vezes tudo me leva a crer que minha mãe é realmente uma pessoa arbitrária.Mas não o é realmente.Na verdade ela sofre de um sério complexo de inferioridade,um desejo louco de se sentir no comando da situação,de fazer sua palavra ordem,lei.Eu bem que tento contornar a situação conversando mas um hora a gente estoura,é como tentar derrubar uma parede com os punhos,uma hora a gente cansa.Pra se manter sempre bem consigo mesma ela transforma pequenas querelas em epopéias,grandes batalhas em favor sei lá do que.Mas também não posso culpá-la.Ela teve uma criação problemática,,cheia de conflitos e questões,o seu complexo tem raíz na sua infância.Pobre,feia,rejeitada pela mãe(tudo isso é o que ela diz)todas essas razões para o seu insucesso pessoal,a vontade de ter nos outros(filhos,cônjuges)a redenção,a recompensa pelos anos de tristeza.
A discussão acaba por girar em torno de dinheiro(ou a falta de)e eu acho que a questão não é essa.Falta compreensão na minha casa,talvez também da minha parte.Eu tento fazê-la enxergar o meu lado na situação e,é claro,não tenho sucesso.Já não aguento mais passar tanta raiva, saio pra me acalmar e estou aqui,sentado ao computador escrevendo o que sinto agora nesta carta,neste desabafo.Quem lê-lo,tenha respeito.
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