Manutenção de um mundo
Que não é mundo:
É sujeira condensada.
Manutenção não
Seria o ideal.;
O mundo de antes
Não é o da aurora,
E o de agora se perde
Na demora...
Manutenção dos cantos,
Dos seres dos lados,
Dos protestos políticos
E reivindicações sociais,
Da miséria dos becos,
Do pano sujo que cobre o
[anseio
A um mundo alheio:
Manutenção do caráter
Que se perde e se desfaz.
É roído até as unhas
Por quem não ama mais
O mundo da natureza branda
Que custa a entender o
[desenvolvimento
Da sujeira.
A leva de soldados
[descontentes,
Acolhidos,
Emergentes,
Retratados em fugacidade,
À espiritualidade!
O utilitarismo,
A demo-cracia que virou
[moléstia!
Manutenção dos lados
Obtusos, da taquicardia
Eufemista que corrompe
[nossa
Imagem!
Das bombas a fazer
Manutenção
E à espera de seu ato solene
De boom, de satisfação.
A manutenção da declaração
Dos direitos que não temos,
Dos deveres inúteis que
[espreitam os nomos,
As pólis,
Os feudos,
As janelas do mundo,
Da demonstração sem-vergonha,
Da reclusão sem vergonha
De se esconder por vergonha
De não se saber qual é a razão
Da vergonha dos serviçais do
Mundano transporte eficaz de
Rodovias,
Infovias,
Várias vias em condução
Ao espaço comum de progresso,
Sem sustentação das
[apreciações,
Das bandalheiras eloquentes
E conturbadas,
Mesclando a avareza
Com o incremento de
[incertezas!
A manutenção da solidão
Em solicitude,
Da visão amiúde,
Do tardar receoso
De maus tratos...
Do abrupto, insatisfeito pesar.
Dos refeitos seres
Condicionados a sanar
A dor que nunca demonstraram!
Manutenção de um mundo
Que não é mundo:
É um monte de sujeira e
Desconforto hesitante.;
O mundo de antes não
É o da aurora,
E o de agora se perde
Na demora...
Manutenção dos lamentos
Da religião, dos discenirmentos...
Atração do ódio
Meticuloso e reclinado,
Por todos que sabem o que é
[infâmia!
Manutenção de um mundo a
[valer a pena?
Sem raiva serena,
Desgosto sereno,
Alma pequena
Do poeta em sentimento,
Da pessoa do Pessoa,
Na angústia da garoa que cai
[fina
Em intervalos
De segundos,
Minutos,
Intervalos da merenda dos
[filhos
Do egoísmo,
Da verba arrecadada
Dos fiéis acometidos
De sonhos vagos
E canções-espasmos,
Violentos presságios,
Atuantes estágios da nossa
[boemia!
O mundo de antes
Não é o da aurora!
E o de agora se perde
Na demora... demora, demora...
A demora dos loucos.;
A tempestiva liturgia
Dos pecados alegóricos,
Poesia-eritrócito,
Academia dos leucócitos,
Das veias dos normais ancestrais,
Fenomenais, radicais, ideais?
Dos glóbulos de panteísmo,
Racismo,
Idealismo nunca encontrado,
(só em pensamento!),
Numa consciência até
Poluída
De tanto festejar a miséria
[idolatrada!
Até quando seria necessário
Recriar guerras e
Ponderar meras realezas de
[ideais
Mais sujos que o
Próprio mundo de agora?
Manutenção de um mundo
Em que se não tem a certeza
De saber se a mudança é possível
Nessa altura do tempo...
Nessa altura do tempo!
Nessa altura do tempo?
E logo o tempo que é tão
[indolente,
Exigente,
Ausente quando não se vê passar...
É ele com culpa alguma
O mestre da sobriedade!
Manutenção, sim...
Até que pudera
Consumar a doentia infestação
De pudores colaterais:
Dormentes dos trilhos
Dos trens do
Passado valente,
Cavalgado,
Com gente de todos os tipos,
Como agora: mas agora emudeceu a
[fala!
E a verdade doeu
Bem no âmago do ócio!
Bem no fundo do ignóbil entendimento
Que julgamos saber...
Ignaro ignoto iguaria ilação.
Mais manutenção,
Para termos a beleza que não tem
[feição!
O mundo de "antes"
Não é o da aurora!
E o de agora é o de
Agora...
Que pena! |