I
Ando como o velho ancião
Chamado Zaratustra,
Mas em seu pensamento
Não repousam minhas poucas virtudes.
Dentre elas,
Meu ego e meu existir,
O fascínio presente
No bradar
Extemporâneo...
Indiferente,
Por dizer à minha pessoa
Quanto valeu um poema
Em primeira pessoa...
E com primeiros erros,
Talvez pequenos aborrecimento.
II
Eu - quanto me dói
A garganta - desconfio
Até do que ainda está por vir,
Pelo simples fato: ainda não veio!
Em seu existir sei que
Poderei encontrar o
Orvalho do ciúmes e presunção,
Mesmo não querendo,
Mesmo tentando fugir,
Mesmo tentando me esconder
Nesses becos advertidos da razão...
Poderei encontrar humanos
- e normais.
É fato, não acaso.
Por acaso seria arrogância
a cada alegria de cada um.
III
O inútil me olha
E procura inutilidade.
O inverso me castiga,
E castiga meu pesar.;
Quem sabe procurar seu libertar
Para poder compreender-me
E encontrar seu avesso,
Sem tentar repreender-me.
A quem é de origem ou destino,
Que contente-se com apenas
Refutar ou não discutir
A sutileza sem intenção
Dos meus pesares...
IV
Dores do parto, de mortes, de
Vidas sinceras, saudades sem
Lógica, rima serena
Que não aparece.
Destina o destino
A quem ilumina,
Sem ser estrela
Incandescente
A me deixar
Encontrar meu calor em abraços
Nada sinceros.
De reinados em transe,
De reis e suas barbas
E palavras sem lógica.
Na verdade finjo iluminar
Como estrela,
Por que não ilumino nem mesmo
Nossa incerta hipocrisia,
Sendo apenas eu, mais nada.
V
Valores agora perdidos,
Esquecidos como tal:
Valores.
Como sociedade, como ser:
Sou!
Respiro o acaso,
E nem mesmo o acaso é puro:
Tenta-se pelo ócio,
Pela indecência,
Pela amargura,
Pela presunção.
E como sociedade, com ser faminto:
Sou!
E não sou diferente
Que um ato ou uma verdade,
Um fato, uma saudade,
Um destino, uma imoralidade,
Uma canção, um ódio em sobriedade,
Uma luta, uma aliança global...
Todos somos valentes,
Mas nos escondemos
Atrás dessa valentia
Inebriante.
Sem consequências
Sendo inconsequente...
|