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Contos-->Duas Noites -- 26/06/2002 - 18:48 (Joana R) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos





Duas Noites




No mínimo, eu diria, inusitado! Era só uma festinha como outra, mas parece que nós nos divertimos muito mais do que todos. Uma mesa enorme no meio de uma bar disputado. Eu tive sorte de sentar ao lado dela e o melhor, por incrível que pareça, ela conservou comigo. Daí a levantar para cantar foi um pulo, apesar de nossa timidez. Tinha a calma de uma mulher segura e eu afobada como sempre. Nós estávamos, posso dizer, felizes mais ainda desligados. Lembro seus olhos, mesmo que não fossem as duas pedras mais verdes que já vi, eu lembraria. Como são lindos e como estiveram tão perto dos meus...Eu não vou suspirar...
Gargalhadas, muitas gargalhadas para aqueles que se tornaram íntimos de fim de festa, na maldita hora de rachar a conta, na maldita hora de pagar por coisas que você nem viu na mesa.
Fomos todos juntos, todos não foram muitos, mas o suficiente para ocupar dois quartos do lugar onde dormimos. Lembro como se fosse agora. Fui gentil de maneira normal, nada que me fizesse perceber que eu estava a fim e eu não estava.
Todos juntinhos pelo calor humano, mas absolutamente inocentes, e quando digo absolutamente quer dizer que estávamos de pé a cabeça( entende?), nada podendo acontecer além de corpos sedentos de calor no frio da dúvida se aquilo, se aquele toque, era real ou sonho. Ainda duvidei por muito tempo, mas num momento eu já não podia duvidar que aquela noite era a minha e foi. Depois de sair daquela posição incômoda e por mais perto que estivesse dela, de sua boca, de seus olhos, não havia nada para dizer. Sentíamos medo e desejo e sair daquele quarto era a única vontade e as vontades foram satisfeitas e os beijos curiosos, rápidos, roubados não cessaram enquanto podíamos e logo não podemos mais.
Um café da manhã entre amigos e amantes secretos. Eu não consegui comer de tanto olhar para mulher mais linda do mundo. Não que eu estivesse absolutamente apaixonada, estava, mas eu não acreditava no que tinha acontecido.
Tanto que fiz que consegui dá uma carona e combinamos um encontro para Domingo à noite. Para mim poderia ser qualquer coisa, mas claro que qualquer coisa secreta, discreta, tranqüila.
Foi o dia mais demorado de minha vida e ela não ligou apesar de eu Ter certeza que também pensou em mim, talvez tenha pensado ainda mais do que eu. Para mim tudo era festa, desejo e curiosidade, enquanto que para ela e suas concepções religiosas era só desejo e medo.
Como eu não agüentei mais esperar que ligasse e como tinha gravado muito bem o endereço, mesmo com medo, resolvi fazer uma surpresinha, mas esperei sem incomodar. Um dia ela chegaria em casa. Algumas horas de espera e só pude vê-la de longe, o que não era suficiente, mas era maravilhoso. Foi uma dor incrível tudo: não ter ligado, não Ter atendido, Ter chegado tão tarde.
Mas só algumas lágrimas porque minha imaginação estava nas alturas para que eu pedisse desculpas por ser tão afobada e o que tinha acontecido no dia anterior era só um mal entendido. (O que a paixão não é capaz colorir não pode ser colorido por mais nada).
Era o primeiro dia da semana, dia de trabalho e eu trabalhando uma surpresa adorável e discreta: flores!!! Uma ajudinha dos amigos e lá estavam a mais bela flor que já vi, viva e natural como eu, podendo durar por muito tempo, como nosso amor. ( Se falei em amor, foi um engano, acredite, não foi amor, foi algo que não há palavras, qualquer coisa parecida, mas não amor). Uma flor e um bilhete anônimo( original?, talvez não, mas... o que toda mulher gosta. Não fiz por ela, fiz por mim e em nome do sentimento que pulsava em mim, mais forte do que em nenhum outro momento de minha vida).

“Os jovens e apaixonados costumam pecar pela pressa. Estão ansiosos em viver uma coisa absolutamente nova e continuar olhando olhos lindos. Aí têm saudades, suspiros, medos, mas o que prevalece é o desejo e a esperança de uma dia serem felizes como já foram. Não quero ter pressa, não quero que pareça apelo, mas precisava te dizer que foi maravilhoso”.

Uma noite sem dormir para só no dia seguinte um agradecimento. Não foi só um agradecimento foi marcar um encontro e um encontro era o que mais queria.
Estava linda, era uma mulher linda e eu uma mulher apaixonada, o que dava para perceber a distância.
A noite foi linda, no clima de amor e despedida. Claro que eu implorei, claro que rastejei e até pensei que a tinha convencido de que a coincidência dos nossos sexos não era tão absurdo quanto parecia. Eu era doce, como meus gestos, minhas palavras, aquele flor, meus beijos, ela disse isso. E mergulhado na doçura da compreensão e esperança, esperei que ela voltasse, como um pássaro que vem descansar no lugar seguro. Mas é só isso que eu sou, um lugar seguro para aventuras curiosas.
Uma semana depois, depois de uma das maiores e mais tristes angústias que já senti, eu era de novo Clarice. Um pedaço de mim foi embora. Um pedaço bem maior do que ela quis me dar. Agora não importa. A vida continua e ela continua aqui, bem dentro de mim, de onde nunca ninguém sai para não voltar em poucos dias, de onde a essência daquela doçura encontra um lugar menos perigoso para viver.( A carta que não mandei porque “esqueci” o endereço)

“O vento que te trouxe e me levou até você, eu esperava há muito tempo, nem o conhecia, é bem verdade, mas percebi de logo o prazer de tê-lo tocando suavemente minha pele.
É bom saber que você continua com o mesmo sorriso lindo. Bom saber que seu sorriso só destaca, ainda mais, seus olhos.
Antes de Sábado, não existíamos um na vida do outro, o que para mim, soa muito estranho.
Eu estou bem, me cuidando e morrendo de saudades. Desculpe se parece intromissão, ou pior, pressão, mas acredite que não é. Eu só preciso desabafar, na verdade, preciso de muitas coisas que só um sentimento como esse pode me dar: paz.
Eu sinceramente não sou mais a mesma e qualquer um é capaz de perceber.
Viver ou tentar viver como se nada tivesse acontecido, é isso que você propõe? Não sei se posso, mas vou respeitar você...
Você tem seus motivos e eu os meus para acreditar que nada mais é como antes.”

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