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Contos-->Letras de Förma -- 26/06/2002 - 18:50 (Joana R) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

LETRAS DE FORMA



Seu nome: Henrique. Seu sonho: voar, ter filhos e uma moto. Fez tudo p/ matar seus pais, mas não conseguiu. Pára-quedas, moto-velocidade, rali, surfe, body-jumping, exército, drogas, e mais e mais. Nunca teve um bom relacionamento com disciplina, nem na escola, nem na família, nem no trabalho. Teve poucos empregos por isso, sempre simples e de pequena responsabilidade, até porque estudou muito pouco.
Teve poucas namoradas e muitas mulheres e não tinha filhos ainda. Vendeu a moto p/ pagar o aluguel e fazia tempo que não voava.
Naquela noite, teve sonhos estranhos, como se a morte finalmente estivesse próxima, há anos esperava por ela. Foi esperá-la lá em cima, no telhado de seu prédio. Não sabia que era sonâmbulo, mas isso era o mínimo, porque não sabia muitas coisas sobre ele. Por exemplo, nunca tinha percebido que tinha medo de altura, logo ele uma pára-quedista com medo de altura. Isso tinha desculpa, porque de pára-quedas você sabe que vai parar de cair, mas ali olhando p/ aquela avenida movimentada talvez parasse de viver, o que não era motivo p/ medo, mas o desconhecido era desconhecido.
Pensou pela primeira vez na vida. Também não sabia que sabia pensar e encontrou dentro de si todas as lembranças e todos os sonhos, o que o fez parar de sorrir seu sorriso bobo e chorar como criança. Lembrou quando era criança e seus pais tinham cuidado com ele, mas agora seus pais desistiram dele e só rezam e isso é muito pouco, porque não funciona, porque as coisas não melhoram. Lembrou dos filhos que não teve e de como se chamariam se existissem, falou baixinho demais e eu não pude ouvir. Pensou na moto que vendeu, ela valia muito mais do que aquele preço. O último pulo que deu... Disso não lembrou quando foi, foram tantos, tão altos, tão perigosos e tão perfeitos. Era um cara perfeccionista, tudo que fazia era perfeito, seu erro foi ter feito pouco, tão pouco que em cinco minutos já tinha repassado toda sua vida.
Tinha cerca de 35 anos, era um fracasso para aqueles que o conhecia, mas não se considerava assim, era um homem bonito e jovem ainda. Era saudável e descobriu que acreditava em Deus e recomeçou a sonhar. Decidiu retomar os estudos, quem sabe uma das cinco faculdades que abandonou. Arrumar um trabalho, certo de que o pai o ajudaria e procurar uma esposa, uma mulher que amasse e que o desse filhos, muitos filhos. Talvez pudesse ir a igreja ou rezar antes de dormir, não importa, Deus já tinha percebido que estava devolta e sorriu seu sorriso bobo de criança e tropeçou no cadarço desamarrado e tentou abrir o pára-quedas, mas ele não funcionou pela primeira vez e caiu, agora sem medo, porque pela primeira vez estava voando o vôo dos pássaros, que não sabem se voltam e não deixam de ir.

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