O mundo é feito de versos
Os versos saem de um mudo
Os mudos são cercados de silêncio
Silêncio às vezes obtuso,
A obtusidade encobre
Uma alma perdida no escuro,
E de escuridão se formam homens,
Que idolatram um amor confuso.
De amores morrem os jovens,
Estes que vivem de paixões,
Paixões são prazeres carnais,
Embriagam como vinhos anciões,
E na desilusão de um simplório existir,
A insanidade encontra suas razões.
O mundo é feito de poemas,
Poemas são feitos de calor,
E a rima é uma metáfora,
O poeta é um retrato do horror,
A benevolência, uma virtude,
Feliz daquele que não a dispor,
Quem a tem sofre calado,
Ama aquele que nunca o amou,
E Deus é somente um conceito
Pela qual medimos nossa dor.
Assim concluí-se o canto
Num grito de horror abafado,
E de inocente amo o próximo,
Esta é minha sina, meu fardo.
E o que concluo sobre o mundo?
O mundo é vil e ocioso,
A compaixão, uma necessidade recatada,
E o poeta é um mentiroso
Que crê numa mentira bem contada.
|