Nasço destinado a ser suave, harmonioso,
delicado e terno. Nasço porque é preciso
e existirei sob o cariz das estrelas que
bem iluminam os raciocínios fraternos e
tolerantes. Nasço, enfim, porque amo e me
deslumbro com o esplendor dos sentimentos
que enlevam a alma e ajudam o corpo na
viagem do tempo.
Viverei esclarecido e sem receio algum dos
preconceitos do mundo, sem compromissos ou
conveniências tácitas, limpo do pó epidér-
mico que obriga e submete as pessoas à de-
fesa permanente da individualidade. Viverei
porque estou farto de morrer entre a sufo-
cante amálgama das sobrevivências aflitiva-
mente ambiciosas.
Venho pela mão do movimento ao colo da poe-
sia, embalado na esperança dos dias solaren-
gos e das noites enluaradas. Venho para ex-
primir a vida quanto possível além da redoma
que impede a legitimidade dos sonhos sádios.
Venho amar com prudência os gritos do silên-
cio que ecoam no corpo das palavras.