Hoje é segunda de Carnaval, o que, a princípio, não faz nenhuma diferença pra mim. Choveu ainda a pouco e o tempo agora está fresquinho fresquinho.... faz um silencio gostoso de passarinho cantar e a gente ouvir... Tirando esse chiadinho monótono do computador e as pingadas que eu estou dando em suas teclas, é só passarinho... não...há também uma vassoura varrendo e uma água jorrando no outro lado da rua... mas isso não tem a menor importància...
Por que eu estou falando assim? O motivo é que agora a pouco, antes da chuva e antes de eu pensar no silêncio, passou aqui na rua um bloco de Zé Pereira...
...Tum... Tum... Tum ...Ra Ta Tá Ta... O "Ra Ta Tá Ta" imitando, evidentemente, as sílabas de Zé Pe rei ra...
Eu tenho nove anos e moro na Vila São José, em Ouro Preto... Na mesa da cozinha do nosso porãozinho mofado, a minha mãe, diante da minha insistência, larga os seus afazeres para bordar a cara de um Catitão numa almofada velha... Enquanto isso, pra não fazer feio à noite, eu treino as três batidas básicas na minha "orgulhosa" lata de óleo ... Tum... Tum... Tum... e meu irmão responde o Zé Pereira em uma frigideira velha...Ra Ta Tá Ta...
Passa o Bloco... vem a chuva... passa a chuva vem o silencio... de se ouvir passarinhos...
... e o chiadinho do computador que me chama ao trabalho...
Alexandre da Silva Galvão
Cachoeira do Campo,15:00, 11/02/02 _uma segunda feira de carnaval fria e nostálgica...