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Cronicas-->No Fim de Semana -- 14/04/2002 - 16:57 (Abilio Terra Junior) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
No Fim de Semana


Naquele quarto seco e austero, olhava pela janela, sentado na cama, o longo jardim com árvores espalhadas, os portões, o caminho do carro até a garagem. Estava lendo "A Volta ao Mundo por Dois Garotos", de Henri de la Vaux, e pela primeira vez lera algo sobre Budha. Os seus preceitos repercutiram fundo em sua alma, sublinhou-os e pensou muito sobre eles. Até mesmo tentou meditar. Ao lado da sua cama, no criado - mudo, um aviãozinho rudimentar de madeira que fizera no entusiasmo de um filme, cuja música, "Um Fio de Esperança", lhe agradara muito.
Depois, veio aquela sensação de vazio. Passava o fim de semana na casa de campo, em Lagoa Santa. A sua família pequena se resumia nele, seu pai, sua mãe e sua irmã adotiva. Muitas vezes, já na viagem de vinda começava o mal estar: ele, que dirigia o carro, em seu entusiasmo juvenil, acelerava, seu pai reclamava da velocidade, ele insistia, sua mãe, ou nada dizia, ou retrucava contra o seu pai. No fundo, não apreciava aqueles fins de semana. Seus pais, como de costume, discutiam. Não havia calor naquele ambiente, independente do tempo lá fora.
Costumava se sentar na varanda e batia longos papos com o velho italiano, o caseiro. À tardinha, os "passos pretos" cantavam ao chegaram aos seus lares, nos altos coqueiros, na ponta do lote vago, ao lado da sua casa. À noite, costumavam jogar truco, ele, seu pai, o velho italiano e um vizinho. Ou, então, caminhavam, quase sempre em silêncio, se dirigindo ao centro da pequena cidade, para assistir a um filme, no único cinema, que costumava ficar lotado nas noites de sábado.
O seu cachorro, o Sultão, era transportado em um caixote com uma tampa onde havia uma abertura para a sua cabeça. Ele possuía longos pêlos brancos, era pequeno, muito vivo, sensível e inteligente. O caixote era amarrado sobre o porta - bagagem, em cima do Fusca. Durante a viagem, viam a sua sombra na estrada, ao lado do carro, o focinho apontando para a frente, e suas orelhas e seus longos pêlos tremulando ao vento.
Havia uma lareira na sala, mas na única vez em que seu pai tentou acendê-la, entupiu toda a casa de fumaça, Apagaram depressa o fogo e abriram todas as portas e janelas, antes que alguém sufocasse. Souberam depois que a chaminé fora construída verticalmente reta e por isso a fumaça retornava.
No quintal, havia um caramanchão coberto por um pé de maracujá. E diversas árvores plantadas. Em certa época, houve até mesmo um galinheiro.
Ele atirava, com a sua espingarda de pressão, nos pardais que se aventuravam a pousar no seu quintal, e Sultão corria e os trazia , já mortos, na sua boca.





Abilio Terra Junior






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