Vi tua mão surgindo pela porta
Corri até ela e não te deixei entrar
Fiz-la sentir antes de veres
O tecido leve que me cobria
As formas redondas, o suor
Essa mão que me tocou
Me viu com os dedos
Ofertou todos os dedos de uma vez
Sentiu até a textura da lingua
Pegou uns fios de cabelo de lembrança
Não, não entres ainda
Sintas o pulsar de meu coração
Dá-me agora a boca e fecha os olhos!
Prova este pescoço mesmo sem dentes pontudos
Finge que é um doce...eu sou teu doce
Queres salgado? É só pôr um sal
Bebes água depois mas antes me prova
Seja homem, me conduza
Me pegue, me domine
Mas ame, toque e gema
Não, não tires a roupa
Deixa ela aí, em paz...
Sou hábil com as mãos
Não precisa nem deitar
Tudo com a gravidade é horizontal
Sejamos mais que eu e tu
Sejamos nós dentro de cá
Vamos para além do hoje e do agora
Acima e adiante, cima e baixo
Aqui ninguém domina só é dominado
Beijos demorados são bem-vindos
Sopros na nuca, mordidas no ombro
Deixa-me sentir totalmente teu corpo agora
Agora a roupa não é mais necessária
Deixa, eu sei como se faz...
Como é? A luz?
Pra que enegrecer o que está tão bem sob a luz?
Quero ver, e não somente sentir
Quero ver, olhar nos olhos
Saber que é comigo e sorrir sendo notada
Não, não precisa
Quem espera sempre alcança
Sou eu quem quer, não te preocupa
Eu sou crescida, entendo bem
O valor de prazeres ou não-prazeres
Isso, eu sou tua...
Tua como já não fui de outro
E como já nem quero ser
Quero que me pegues e me esconda
Não me deixes ver, me proteja e me cubra.