Passar qualquer momento, passamos
Estou à porta do antiquário, onde busco novidades.
Quero revirar o passado em busca do futuro
Somos a antítese de nada, não queremos ser nada, estamos em busca.
Já não se lê, se relê, se repensa, se repete, se repete, se repete...
Mas não são os mesmos princípios norteadores de nossas ações.
E não mais os mesmos estes princípios adulterados.
Sob o pó dos dias as novidades envelhecem no antiquário.
Encontro livros que ninguém leu, livros que ninguém pensou em ler.
Se eu levar algum deles aos círculos intelectuais, serei vexado pelos sábios idiotas.
Sábios que repetem discursos cansados.
Cansados de seus próprios discursos.
Sós.
Sós.
Sós.
Contestam o senso comum, e não deixam de ser o senso comum a todo instante.
Doutores pacientes.
A voz velha soa-me rouca e desafinada, já não responde mais nada.
Um mundo incapaz de se pensar é um mundo estéril.
Cegos! Cegos! Palhaços que andam pelas ruas da cidade.
Incapazes e inválidos, incapazes de ver à sua volta e se responder!!!
Eu os velho no antiquário, onde os confundo com abajures que não funcionam.
Nunca li seus livros.
Nunca leram os meus.
São uns ridículos!
De dentro do antiquário, lendo livros embolorados, vejo-os em busca do que encontrei...
Entre renegado pelos estéreis e esquecido pelos inválidos caminho.
Ante vossa incapacidade os contemplo, não importa o que dirão, o que farão...
É o mundo quem me fala, os sábios de verdade, os livros que os sábios não leram.
Escuto discos inaudíveis.
E penso em quando poderei sair do antiquário...
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