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Artigos-->A guerrilha das FARC está morrendo de velhice -- 29/05/2008 - 17:00 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
GAZETA MERCANTIL ONLINE - 29/05/2008



A guerrilha está morrendo de velhice



29 de Maio de 2008 - Um guerrilheiro não pode morrer de pijama, deram-se conta até os cretinos fundamentais de Nelson Rodrigues depois de confrontados, no início de março, com o traje usado pelo comandante Raúl Reyes em sua última noite. Quando o Exército colombiano atacou a hospedaria das Farc no lado equatoriano da fronteira, o destemido combatente, o número 2 na hierarquia da organização fundada em 1964, estava sem a farda, sem as botas, sem a metralhadora. Dormia vestido de avô.



Guerrilheiros que morrem jovens podem sobreviver em forma de lenda até à derrota devastadora, informa o olhar de Che Guevara contemplando o futuro no pai de todos os pôsteres. Guerrilheiros sessentões são apenas patéticos, confirma a silhueta de Reyes em seu crepúsculo, comprometida por muitos quilos a mais. Guerrilheiros que envelhecem demais podem entrar ainda vivos em estado de decomposição, avisa o rosto mumificado de Manuel Marulanda, o Tirofijo, nas fotos que ilustram os obituários do chefe supremo das Farc.



Abatido por um ataque cardíaco aos 78 anos, estava internado na selva havia 44 - mais que os 37 que tinha Guevara quando foi fuzilado por militares bolivianos. Marulanda morreu também em março, mas teve de ficar mais dois meses na clandestinidade, à espera do sepultamento oficial. Só neste fim de maio, depois que o comando das Farc confirmou a morte do chefe, o cadáver pôde ser enterrado pela imprensa, enfim liberada para noticiar o desfecho da saga de Tirofijo.



Executado antes dos 40 anos, Guevara virou mito. Derrubado pelo enfarte com quase 80, o guerrilheiro mais velho do planeta vai virar só mais um verbete de livro de recordes. Merece ser ilustrado por essas fotos feitas no século passado: todas mostram um Tirofijo que desmente o apelido e, sobretudo, contrasta penosamente com a imagem clássica do soldado da selva. É improvável que algum fabricante de camisetas tente repetir com o rebelde ancião o sucesso alcançado por Guevara. E nem Maradona se animará a reproduzir, com outra tatuagem no braço, as rugas do rosto em ruínas.



O pijama do nº 2 e o enfarte do nº 1 também contribuíram poderosamente para transformar a organização que lideravam na prova definitiva de que a nenhum movimento guerrilheiro será dado conhecer a idade adulta. Se não terminar até o fim da adolescência, deixará de ser jovem para tornar-se senil sem direito à escala na maturidade. No caso das Farc, esse rito de passagem ocorreu nos anos 80, quando a utopia comunista foi, simultaneamente, envelhecida pela erosão do império soviético e envilecida pela parceria com as quadrilhas do narcotráfico.



Na infância da sigla nascida em 1964, a paisagem política da América Latina autorizava a ilusão de que havia alguma lógica na loucura da guerrilha. Fidel Castro chegara ao poder, apenas cinco anos antes, pelo caminho da luta armada. Como Fulgencio Batista em Cuba, outros ditadores em outros países mantinham o bastão de mando com métodos de tal forma hediondos que pareciam justificar a idéia de varrê-los a tiros. A fantasia socialista ainda não estava em farrapos: o mundo demoraria algum tempo para descobrir que os guerrilheiros não lutavam pela democracia, mas por um regime totalitário com a mão invertida.



No começo da aventura, Marulanda tinha 34 anos e tiranos a enfrentar. Em março, tinha quase 80 e eleições a vencer. Como os demais países da América Latina - com exceção de Cuba - a Colômbia é uma república democrática cujos governantes são livremente escolhidos nas urnas. Álvaro Uribe é presidente porque assim quis a maioria do eleitorado, que tem endossado vigorosamente seus métodos de combate ao inimigo. Tem tanta legitimidade quanto qualquer colega do subcontinente. Ilegítimas, ilegais e imorais são as Farc.



Só se fazem de cegos a tais evidências os presidentes sul-americanos. O venezuelano Hugo Chávez financia a guerrilha que o equatoriano Rafael Correa hospeda. Os outros se negam a qualificar de bando narcoterrorista um bando narcoterrorista. É mais que uma agressão ao chefe de um governo democrático. É uma afronta ao povo da Colômbia.





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