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Contos-->Mulher sem vida -- 09/06/2000 - 02:02 (Eduardo Henrique Américo dos Reis) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Formavam uma família um tanto sofrida. O pai morreu com um estranho tipo de câncer a mais ou menos uns seis anos, quando sua filha que possuía Síndrome de Down ainda tinha dois anos.
A mãe sempre foi uma mulher batalhadora. Trabalhou a vida toda para cuidar da família. O cansaço era facilmente notado em suas rugas, pernas varizentas e olhos entristecidos. Esta pobre mulher é o ponto central da história, pois foi ela quem mais sofreu neste pequeno espaço familiar.
O avô, um ex-comandante das forças armadas brasileiras extremamente conservador, reclamava de fortes dores no peito e locomovia-se lentamente graças aos problemas pulmonares que apareceram por causa do uso excessivo de nicotina na adolescência. Nunca fingiu gostar da neta. Considerava as pessoas com problemas físicos ou de nascência como aberrações da natureza, imperfeita de Deus. Assumia para a filha a tremenda vontade de tirar a própria vida, e até implorava para ela cometer uma eutanásia, jogando fora todos os aparelhos que ele necessitava para respirar.
A menina com apenas oito anos de idade, estudava em uma escola especial. Apesar de ser uma criança sozinha, adorava brincar no quintal de casa. A doença a excluía do grupo das crianças da rua, mas ela nem ao menos percebia isso. Era uma nefelibata e muito feliz.
A única amiga da família era uma vizinha, uma senhora de meia idade, gorda e muito simpática. Todas as vezes que tinha um tempinho em sua cozinha, vinha correndo visitar a adorável menininha.
Numa Terça-feira, acompanhada de uma fina garoa, a mãe ligou do serviço para a amiga dizendo que demoraria algumas horas para chegar em casa, pois precisava ir fazer compras. Pediu para a vizinha observar como andavam as coisas em sua casa. Ela sempre fazia isso.
O avô, suando frio deitado na cama percebeu a demora da filha. Já havia passado do horário de tomar um dos principais medicamentos. Estava retorcendo-se de dores no peito e nas costas. Num ato insano, começou a gritar pela neta que brincava no quarto “Menina! Menina! Venha até aqui!”
Ela ouviu. Seguindo em lentos passos pelo corredor até o quarto do avô, a garota assustada não sabia o que fazer. Entre abriu a porta somente para observar o velhinho. “Venha me ajudar, sua idiota” grita o avô expelindo dor e ódio pelas expressões faciais. A menina, amedrontada, correu para o quarto. Entrou em baixo da cama e ficou a chorar ouvindo os gritos do ex-comandante.
O desespero era tanto que o velho se debateu até cair no chão. Demorou alguns minutos para chegar no baú do outro lado do quarto, onde eram guardadas as suas lembranças da época da guerra. Com muito sofrimento derrubou todos os objetos da filha que estavam ali. Mesmo duvidando que o pai se mataria, ela se precavia para isso não acontecer.
Pegou a velha arma nunca utilizada antes, deixou apenas duas balas no tambor. Arrastou-se para o quarto da menina. Não demorou à encontrá-la em baixo cama. Desesperada, ela gritou e se debateu até um enorme ruído levar a sua vida inocente para sempre.
No mesmo instante do tiro, a vizinha estava entrando pelas portas do fundo. Correu até os quartos. Quando avistou o avô deitado no chão, ouviu e presenciou o segundo disparo.
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