Fernando Zocca
Um grupo de cidadãos estrangeiros compra uma área de terras do tamanho do Estado de S. Paulo, na Amazônia brasileira, vendendo depois para o governo do seu país de origem.
O governo estrangeiro desembarca uma comissão de administradores e políticos para tomar posse das terras, legalmente adquiridas, hasteando ali sua bandeira nacional.
Politicamente organizado, já com estradas, aeroportos, e indústrias, os laboratórios e demais instituições iniciam suas atividades científico-econômicas criando no lugar, que antes era selva, um pólo de desenvolvimento tecnológico.
Para a segurança dos seus cidadãos e propriedades legítimas, o exército, a marinha e a aeronáutica do poderoso país expansionista se estabelecem na região com sofisticado material bélico.
O pais originário reconhece como Estado seu, legalmente constituído, ali no meio da selva, aquela área que antes era preterida pelas autoridades brasileiras.
As terras ingenuamente intocadas, a pretexto de preservação do meio ambiente, apesar da terrível crise de falta de espaço, enfrentada por dirigentes da maioria das grandes cidades brasileiras, e dos movimentos dos sem-terra e sem-teto, fazem agora parte do território expandido da nação ousada.
A área estrangeira, incrustada no coração do Brasil, com toda sua flora, fauna, rios, nascentes e o espaço aéreo, no decorrer do tempo, transforma-se numa cabeça-de-ponte por onde prossegue o expansionismo.
Isso tudo é ficção. Mas se não acordar para a realidade, para o dia-a-dia do que realmente acontece na Amazônia, o Brasil e o povo brasileiro podem ficar, como ficaram o México e o povo mexicano, sem as terras que tanto quer preservar.
A legislação referente ao comércio de terras, na Amazônia brasileira, precisa ser revista.
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