Flor obscena eu sou!
Planta carnívora a destruir o macho
Esgotar seu sumo
Devorar suas carnes.
Mas também sou pura
Se amada e bem tratada
Abro pétalas, desabrocho,
Recolho espinhos,
Sou toda cores e perfume.
Posso ser cruel
Se provocada, amargurada.
Nesse caso aconselho
Que fujam de mim, bem longe.
A flor se faz venenosa
Pérfida, oferece um beijo
Ao roçar de lábios te mata.
Flor infiel, traidora, quem sabe...
A todos seduzo e embriago
Pois cresci torta e desviada.
Se por acaso pisas em falso
Vais sofrer meu agravo.
Flor maldita, desesperançada,
Sobrevivente de um jardim destruído
A corola destroçada
Nas brumas do destino feneço.
Não mereço ser colhida!
30/01/02
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