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cronicas-->O PIMPOLHO -- 17/04/2002 - 15:12 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quando era adolescente ganhei um cãozinho, e meus irmãos logo acharam que deveriam denomina-lo "Pimpolho". Não sabia o que significava o termo, mas não discordei. Era um cão, que com o decorrer do tempo, mostrou-se grande no seu porte físico e açodado nas suas estripulias. Tinha as orelhas caídas pela flacidez do tecido cartilaginoso, e os pêlos da cabeça, depois de um certo tempo, ruíram deixando a área completamente deserta. O veterinário daquele tempo atribuiu o fenómeno à escabiose.
Em certa ocasião, observei que uma cachorra no cio, aproximando-se dele, e procurando atitudes de macho que a satisfizessem,frustrou-se ao ver o Pimpolho aborda-la de forma passiva, assim como fazem as fêmeas. Ou seja, Pimpolho tentava manter a conexão dando marcha a ré e alçando o rabinho. Assim, logo não tinha mais dúvidas de que possuía um cão gay.
O fato de ter um cachorro transviado perturbou-nos profundamente, visto que era motivo de honra para os moleques da comunidade, possuir cachorro feroz e dominador.
Apesar de ter as patas dianteiras enormes e possuir o bigode espesso e basto, pela delicadeza dos movimentos, deixava transparecer a sua condição de cachorrinho safado.
O cão boiola era alvo da chacota dos garotos zombeteiros que viam na aproximação de dois animais grandes, nos finais das tardes, motivos para apostas sobre quem comeria quem.
Com o passar dos anos o comportamento de Pimpolho foi ficando cada vez mais esquisito. Assim, diferentemente dos demais cães da cidade, que ao passarem defronte aos açougues, param extasiados, e sentadinhos aguardam algum ato de benevolência ou piedade, ele não. Ele diferia da maioria e gostava mesmo era da companhia de canazes menores e menos experientes. E ficava horas deitado defronte ao armazém do português onde havia uma ninhada de animais recém nascidos.
Confesso ter ficado seriamente apreensivo com a possibilidade de que alguém pudesse admoestar-me ou oferecer denúncia fundamentada em corrupção de cães menores. Já imaginou as manchetes nos jornais: "Cão sarnento preso por corrupção de filhotes?" Seria realmente o fim.
Pensei em abandona-lo, mas como existe hoje enorme campanha contra os maus tratos aos animais e forte apelo para a tolerància das minorias, mantive-o na função. Para aumentar ainda mais a responsabilidade, tanto dele como a minha, incumbi-o de vigiar as ninhadas da cachorra vizinha. Era um desafio, do tipo igual aquele em que se coloca uma raposa para cuidar do galinheiro.
Sacou?
Por muito tempo, nosso querido Pimpolho,ao que se sabe, não apresentou qualquer desvio na sua conduta. Nada existiu que o desabonasse. E enquanto isso ocorreu, seu encargo ficou assegurado.
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