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Contos-->Corrida -- 02/07/2002 - 21:49 (Idalécio Jeferson Sousa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Corrida

Desceu as escadas correndo, tropeçando em coisas pelo caminho e suspirando forte entre os susurros de interrogação; chutou um cadeira encostada na parede que o ignora com a solenidade de uma criada. No terceiro andar encontrou meninas que fofocavam e continuaram sem notarem sua presença, ou a notaram mas os gestos sugeriam que ele não as interrompesse; quis agredi-las mas é preciso correr. Na portaria encontrou o porteiro olhando um compacto de um jogo de futebol antigo; o rosto do desgraçado indicava a qualidade do jogo e o time que torcia. Um gesto com a mão após um gol perdido lhe autorizou a saída. Deixou o prédio com passos largos que evoluiram até a corrida. O prédio ficava para atrás com seus corredores e escadas escuras e frias, a medida que ele ia adiante com os olhos a sair da face. O aspecto de velho e tenebroso do prédio fazia surgi vozes e figuras andando sobre as paredes. No meio da rua encontra um bêbado que não o olha e segue com o gole de pinga; observa no cambalear do bêbado algo de semelhante ao seu naquele momento. Um suor lhe escorre na testa e um frio na espinha lhe assusta. Suspira.
Era a primeira vez que deixava o prédio. Sempre olhou a vida através daquelas velhas vidraças ou apenas nunca percebera que saiu algum dia daquelas portas com ferrugens. Nunca falara com ninguém naquele prédio mas no momento que saira os tinha como sua mais verdadeira família – havia semelhanças que os prendiam...
Segue pela rua. Num banco de praça observa uma criança a brincar com um cachorro; ela não o observa e o cachorro late mais num cumprimento que para assustar. Um velho moribundo o observa e sorrir - um pedido de socorro para alguém desesperado – um primeiro contato percebido com a ironia. Era o desespero que o acometia naquele momento. Tentava proteger os olhos da luz solar que o agride como num gesto de reprova por abandonar o prédio. Corria, corria e com os passos largos não assustava os transeuntes, que tinham entre eles alguns que riam e acenavam num pedido de calma. Gesto não comprendido – como o próprio momento o era.
Desespero. Corrida. Olhava para trás e cada vez mais longe se encontrava o prédio. Pensava em volta mas por impulso seguia em frente. Os paralelepípedos da rua não lhes agrediam os pés e desvio de obstáculos se fazia com gestos rápidos e certeiros.
Na esquina da rua em frente uma multidão aproximava-se com gestos e barulhos, quase ruidos. Perseguia o rastro de lágrimas e contorcia-se ante a indiferença do povo que seguia. Fala algum coisa em voz alta e é sumariamente ignorado. Tentava inultimente tocar a roupa de um e rancar palavras de outro. Não era aquela a sua multidão. Segue em frente.
Segue. Desespero. Suor, frio, pedido de calma. Um velho toca-lhe o ombro e consola – “ é assim mesmo. Acostuma”. Corria cada vez mais rápido e já não sentia a agreção do sol; toma como aval a corrida. Com a força que persebe nos membros indolores encontrara outra multidão. Alguém o percebe ...
Era tarde. Seu corpo acabara de ser enterrado.
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