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Artigos-->Alaúde 2 (*) -- 15/06/2008 - 00:05 (Benedito Pereira da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Alaúde 2 (*)





O aláude





O alaúde surgiu na Pérsia no século VII da Era Cristã. Na sua forma original, permanece em uso no Oriente Médio, onde ainda é tocado com a mesma técnica medieval: com palheta e apenas de forma melódica, sem fazer acordes.



Foi introduzido na Europa no século XIII, ao longo da invasão e ocupação da Espanha pelos árabes e, provavelmente, também foi trazido pelas Cruzadas que retornavam do Oriente. Logo, tornou-se o mais importante instrumento musical europeu da Idade Média e da Renascença.



Alaúde Persa



A palheta foi substituída pelo uso direto dos dedos da mão direita, o que tornou possível tocar acordes e polifonia a duas, três ou mais vozes, em oposição à música da Idade Média que era essencialmente monofônica. Portanto, foi através do alaúde que surgiu a harmonia e a polifonia na música ocidental.



O alaúde europeu assumiu sua forma típica por volta de 1500, com apenas seis pares de corda de tripa, também chamadas de ordens ou cursos: a primeira corda frequentemente era simples e as cinco restantes eram duplas, e eram afinadas em intervalos de quartas com uma terça maior no centro. No entanto, as cordas de tripa mais graves tinham uma sonoridade velada e curta, motivo pelo qual nos três pares de cordas mais graves uma das cordas do par era afinada uma oitava acima para acrescentar brilho à sonoridade de cada par (corda oitavada).



A partir do final do século XVI o alaúde sofreu muitas modificações. Primeiro, no número de cordas, que, durante a Renascença, atingiu 10 ordens, chegando a 14 ordens nos instrumentos mais longos e no Período Barroco.



A primeira, ou as duas primeiras cordas acrescentadas eram digitadas como as demais, mas, à medida que aumentava o seu número, passaram a ser tocadas como cordas soltas, à semelhança das cordas graves de uma harpa. E, com o aumento do número de cordas, as cordas oitavadas passaram a ser usadas apenas a partir da sexta corda.



Por outro lado, a insatisfação com a sonoridade das cordas de tripa mais graves levou à construção de novas formas de alaúde em que essas cordas graves eram muito mais longas do que as cordas normais, exigindo cravelhas adicionais colocadas na extremidade de prolongamentos do próprio braço. Esses instrumentos longos e retilíneos eram chamados TEORBAS, ARQUIALAÚDES e CHITARRONI.



Não obstante, todos esses instrumentos continuaram sendo basicamente alaúdes em que apenas 6 cordas (e só ocasionalmente mais alguma) eram pressionadas pelos dedos da mão esquerda. A estas 6 cordas muito utilizadas acrescentava-se um número variável de baixos soltos, tocados apenas pelo polegar da mão direita, e cuja função era, tão somente, reforçar a harmonia com baixos mais graves, mais longos e, portanto, mais sonoros que, no entanto, não podiam ser tocados muito rapidamente.



Outros experimentos importantes ocorridos na época se referem à afinação do instrumento que mudou radicalmente na transição da Renascença para o Barroco, embora a afinação original permanecesse em uso nas teorbas.



Por todos esses motivos, é surpreendente a variedade de formas, tamanhos e disposição de cordas que o alaúde assumiu ao longo de sua história, o que dificultou durante longo tempo sua nomenclatura e classificação, ainda hoje controvertida.



A quase totalidade da música de alaúde, que abrange cerca de 3 séculos, é escrita em uma notação especial chamada tablatura, que era de uso generalizado entre os instrumentos de corda, inclusive os de arco. A tablatura, ao contrário da notação musical convencional, não indica a nota a ser produzida, e, sim, em que posição se deve colocar os dedos para produzir determinada nota ou acorde. É, portanto, uma notação essencialmente prática, de utilização imediata e de leitura fácil.



O repertório do alaúde é tão rico, tão vasto e tão importante quanto o do cravo, instrumento com o qual o alaúde conviveu produtivamente durante todo o período Barroco, em que ambos tinha importância equivalente na realização do baixo-contínuo e nos acompanhamentos em geral.



Além das centenas de excelentes alaudistas-compositores como Francesco da Milano, John Dowland, Robert de Visée e Sylvius Leopold Weiss, compositores como Bach, Handel e Vivaldi, entre muitos outros compositores barrocos, e até mesmo Haydn, entre os compositores clássicos, escreveram para o alaúde, após o que o instrumento entrou em declínio, sendo substituído pelo cravo, cujas notas já estavam prontas e não precisavam ser pressionadas pela mão esquerda. Além disso, o cravo era mecanicamente mais apto a executar passagens virtuosísticas, sobretudo nos graves, além de ser um instrumento mais sólido e de afinação mais estável, e, portanto, mais fácil de manter e de tocar.



Deve-se a Arnold Dolmetsch, no fim do século XIX, as primeiras réplicas modernas do instrumento. Em 1956, a partir da fundação da “The Lute Society” na Inglaterra, logo seguida pela “Lute Society of América” e por várias outras sociedades em vários países, estabeleceu-se um padrão de pesquisa histórica e musicológica de alto nível, que restituiu ao alaúde sua posição de proeminência original.



Por sua bela aparência estética, por sua sonoridade delicada e cristalina, por sua encantadora expressividade, tão freqüentemente mencionada na literatura e na poesia, e, finalmente, por sua importância histórica, o alaúde é, de todos os instrumentos musicais, o mais representado nas Artes Plásticas de todo o mundo, a ponto de ter se tornado, ao longo da História, uma espécie de símbolo da Música.



J. S. Almeida



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(*) Brasília, DF, 15/06/2008.







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