Usina de Letras
Usina de Letras
137 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62186 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22534)

Discursos (3238)

Ensaios - (10351)

Erótico (13567)

Frases (50587)

Humor (20028)

Infantil (5426)

Infanto Juvenil (4759)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6184)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->O Encontro e o Sonho -- 03/07/2002 - 00:25 (Abilio Terra Junior) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Encontro e o Sonho

Abilio Terra Junior

Ele sempre a encontrava, ao passear. Imaginava lindas palavras, como se faria entender por ela, e como passariam horas agradáveis conversando. E de como iria lhe mostrando, pouco a pouco, o melhor de si, até que conseguisse conquistá-la. Mas, à medida que se aproximava dela, seu nervosismo aumentava, seu ímpeto inicial ia esmorecendo, até que, ao se cruzarem, a olhava, talvez com desejo, nem mesmo sabia, ou demonstrando interesse, ou percebendo os detalhes da sua beleza, os olhos, principalmente, a boca, a testa...
E, assim, nunca se falaram, realmente. Tudo ficou nas intenções (dele), pois também não sabia se ela tinha algum interesse por ele.
Com o passar do tempo, novas experiências surgiram, estudos, trabalho, namoros, viagens... acabou lhe esquecendo. O seu trabalho era extenuante, chegava em casa sempre bem tarde, e ainda haviam os trabalhos do final de semana. As responsabilidades aumentavam, ao mesmo tempo.
Não tinha muito tempo para namorar, assim, se encontrava com uma garota, e depois com outra... e assim, sucessivamente. As vezes, valia a pena, passava algumas horas agradáveis, outras, nem tanto... raramente a coisa ia muito fundo, algumas horas de papo, dança, comida, sexo, e alguns dias depois, se lembrava vagamente da garota.
O tempo passava. Algumas viagens ao exterior, a trabalho, a passeio, conhecia muitas pessoas, e ampliava o seu círculo cultural. Desenhava até razoavelmente bem, as vezes pintava, geralmente pintura abstrata, recebia até alguns elogios. Escrevia poesias, crônicas, artigos, com certa facilidade. As vezes, publicava alguma coisa em um jornal, uma revista, ou então, em seu próprio site, ou em outros sites, e costumava ser lido.
O tempo passara tão rápido que já estava se aproximando dos quarenta anos. Ficou meio espantado, interessante como a própria pessoa não se apercebe da sua própria idade. A sua vida podia-se chamar de interessante até, muitos amigos e amigas, no fim de semana sempre havia um programa, encontros, viagens, caminhadas, encher a cara de vez em quando, conversas em volta das mesas dos bares sobre mil e um assuntos.
Não pensava muito em assuntos mais profundos, isso nem iria cair muito bem se tocasse em assuntos desse tipo com seus colegas e amigos, iria provocar até bastante espanto. Afinal de contas, diriam: - quê que há cara, ta ficando meio lelé da cuca? -, mas, confessava a si mesmo que esses assuntos "inconvenientes", volta e meia, surgiam, assim, de repente, em sua mente, e, confessava, lhe deixavam meio assustado. Ora, bolas, o quê que tinha a ver com essas coisas, enigmáticas e enfadonhas? Nada, é claro!
Certo dia, estava tomando um lanche em um restaurante, quando uma mulher se aproximou e lhe pediu para sentar em sua mesa, pois o restaurante estava lotado. - Tudo bem, ele disse.
Ela sentou-se e houve aquele momento de constrangimento, quando duas pessoas estranhas são forçadas a dividir o mesmo espaço.
Resolveu puxar assunto: é daqui mesmo?
Sim, ela respondeu. Trabalho aqui perto.
- Com que?
- Sou webdesigner.
- É legal?
- Sim, mas dá muito trabalho.
- E você?
- Sou livre atirador, faço de tudo um pouco.
-Olha só! Taí, gostei! - ela disse.
E a conversa prosseguiu, animada.
A medida que conversavam, ele começou a notar alguns detalhes da sua fisionomia que lhe pareciam conhecidos. Mas, tudo bem, isso acontece tanto, acharmos que as pessoas já nos são conhecidas, algo como um "deja vu". Acabaram trocando os seus números de telefones e se despediram.
Quando se deitou, naquela noite, só com os seus pensamentos, aquele rosto começou a lhe parecer cada vez mais familiar.
Mas, de onde? De onde a conhecia? Procurava se lembrar de todas as mulheres com as quais convivera, ou tivera um caso, ou um namoro, ou um encontro apenas... e nada!
E, assim, adormeceu...
Acordou se lembrando vagamente de algumas cenas de um sonho que tivera. Era ainda bem jovem e passeava de mãos dadas com uma moça, e davam boas risadas. Mas a moça era aquela,,, sim, aquela, de quem sempre quisera se aproximar, mas nunca conseguira! E, ao mesmo tempo, ela era também a outra, aquela com quem conversara no restaurante! Essas coisas que só acontecem nos sonhos! De repente, se assustou! O sonho, com a sua linguagem ambígua lhe dava a resposta: era ela mesma! Aquela moça da sua juventude, que amara às escondidas! Aquela, a quem nunca se declarara! Era ela!
Ficou pensando durante um bom tempo.
Aquele sentimento antigo começou a aflorar! Seu coração bateu descompassado! Como era possível? Depois de tanto tempo? Aquele amor ficou latente, esperando... durante tantos anos! Sentiu um intenso desejo de se aproximar dela, de lhe dizer o quanto a amara, e de quanto reservara aquele sentimento só para si!




Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui