Caminhava na rua, silente,o louco,
o olhar parado,vidrado,não via
nem escutava,o alienado era mouco
a atroada da turba, divertida,que
o seguia !
O infeliz, sem eira nem beira,ia,
por companhia apenas um cão sarnento
fiel,solidário,irmanado na agonia,
resignado,sorvia do mesmo e cruel
tormento.
Uma voz se ouviu: cerrtamente é ladrão !
Alguém falou : parece mais um tarado !
Outro retrucou : precisa de uma lição !
E todos : pega, segura, esfola o depravado !
Um homem de terno impecável,
via-se, um respeitável cidadão,
nervoso, indignado, agarrou o
miserável
e atirou-o violentamente ao rés
do chão !
Os homens de bem da cidade,
guardiães da comunidade,
mantenedores da ordem moral,
investiram sobre o infeliz
anormal !
O pobre alienado, um coitado,
que não reagia, apenas sorria,
não se mostrava preocupado,
diante de tamanha e bárbara
selvajaria.
Apenas o cão pretendeu reagir
e rosnando, contra a turba
investir,
quando um chute forte e potente
afastou o indefeso indigente.
O homem foi atacado
chutado,
torturado,
pisoteado,
imolado,
espancado,
linchado,
E, por fim, assassinado !
Enquanto o infeliz morria
um pároco bebia cerveja
e, divertido a tudo assistia
do bar em frente à igreja !
Quando a multidão partiu,bem
comportada,
estirado, imóvel,no chão o pobre
jazia.
Morto, a existência encerrada
na hora bendita e santa da
Ave Maria !
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