Foi realizado no Rio de Janeiro, no período de 10 a 15 de abril, o America Telecom 2000, um dos maiores eventos na área de telecomunicações em todo o mundo. O America Telecom levou para o Riocentro, em Jacarepaguá, com seus mais recentes produtos, estratégi-as de mercado e propostas serviços 280 empresas de 26 países, entre elas, gigantes mundiais da telecomunicação como Ericsson, Motorola, Nokia, Alcatel, Siemens, Lucent, SAP, Com-paq, Cisco, Nortel, Samsung, Arianespace, France Telecom, Portugal Telecom, Embratel, Globo Cabo e Telemar.
No mesmo período, do outro lado da cidade, na Ilha do Governador, o assinante Paulo César, morador da rua ..., via-se em dificuldades para utilizar o seu telefone convencional que ora emudecia, ora chiava ostensivamente impedindo qualquer comunicação.
No outro encontro, além da Internet que se mostrava definitivamente integrada aos ser-viços de telefonia móvel, um dos pontos altos concentrou-se na entrada no país da chamada banda C, suporte para os serviços de terceira geração de celulares que iniciará sua operação no Japão em 2001 e que também são conhecidos por PCS - Personal Communications Sys-tem.
O ponto baixo do desencontro da Ilha era as reiteradas desculpas e promessas de que as condições inaceitáveis do aparelho seriam resolvidas ainda naquele final de semana.
No Riocentro dizia-se que aqueles serviços de terceira geração (3G) permitirião, num futuro próximo, o acesso à Internet de um celular com velocidades de até 2 Megabites por se-gundo (Mbps). Sendo a velocidade máxima de acesso atual de 64 Kilobites por segundo (Kbps), isto representaria algo em torno de uma velocidade trinta vezes maior.
Mas na rua ..., a velocidade era bem menor: somente após duas semanas é que os téc-nicos da Telemar apareceram e não se demoraram mais do que uns quinze minutos.
Enquanto isso, do outro lado da cidade, a discussão girava em torno do padrão que o PCS brasileiro adotaria: ou o padrão GSM (Global System for mobile) que opera com a fre-quência 1.8 GHz e que possue Nokia, Siemens, e Alcatel em suas fileiras, ou os padrões TDMA e CDMA que operam na frequência de 1.9 GHz. Se por um lado, a adoção do padrão GSM liberava a faixa de 1.9 GHz para aplicações futuras em 3G, além de permitir o roaming internacional (possibilidade do assinante utilizar o seu celular em qualquer lugar do mundo), por outro lado, ficaria mais fácil ativar a banda C na frequência de 1.9GHz, pois as bandas A e B já trabalhavam com os padrões TDMA e CDMA e possuíam infa-estruturas montadas em todo o país.
Na ilha do governador, o assinante se via incapaz da entender sequer o que os técnicos fizeram, dado o emaranhado de fios e cabos em caótica profusão.
A questão de escolha do padrão ficou ao encargo da Agência Nacional de Telecomu-nicações, a Anatel, entidade governamental que regula o setor e que tem por objetivo, ao abrir licitação para mais uma banda de telefonia celular no país, aumentar a concorrência, melhoran-do a qualidade dos serviços e produtos oferecidos e provocando uma queda nos preços finais.
Já a questão do telefone convencional ainda não foi solucionada, pois se antes emude-cia e chiava, agora, após a visita dos técnicos, o telefone do senhor Paulo César, residente a rua ..., ficou completamente mudo.