Rio cheio
Água barrenta
Furiosa e violenta
Arrasta tudo num segundo
Com medo, se esconde o sol.
Nessa maré turbulenta
A mãe sabiá tenta
Proteger o ninho, já úmido.
Bocas abertas, famintas
Ovos trincados a oferecer passagem
Para o mundo.
O galho curva
Não suporta o forte vento
Encharcado, fragmenta.
E sobre a correnteza
O ninho desce
Num bailado mágico, flutua
Até ser novamente
Insumo para a enchente
De novas luas.
Juraci de Oliveira Chaves
Pirapora, MG Agosto 2002
|