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Discursos-->Música analfabeta, literatura surda -- 21/11/2001 - 21:09 (Alberto D. P. do Carmo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Emoção é como um entorpecer de todos os sentidos, um momento em que se toca a divindade, um algo eterno que nos fascina. Um embotar de todas as idéias fincadas ao longo dos anos percorridos, um sempre descobrir novos atalhos para sair da peste, da epidemia, que moldam a rotina exausta da humanidade, que brinca no fio da navalha, sobre o abismo que separa a loucura da insanidade.

Emoção é abraçar um violão, moldado nas formas e nos contornos de uma mulher. É tocar as cordas com carinho e firmeza, escorregando entre elas, buscando o som mais íntimo que nos possa dar. Buscar seu grito mais preciso, num solo tateado e cuidadoso, até ver brotar um sussurro, que se transforma aos poucos num novo tom, desconhecido, apalpado. Um canto de sereia nua, que nos encanta em formas lânguidas, e nos enlouquece em toques macios, com pele de talco, enfeitiçando nossos rumos e nossas mãos.

E lento, numa harmonia de teia de aranha, vai-nos tecendo ilusões, caminhos jamais devassados, como arranjo jamais tocado por orquestra alguma, fazendo-nos maestros de sedutora melodia, prenhe, una.

Assim é a música que tocam os músicos ensandecidos, loucos, que dela querem conhecer sempre mais, e mais ainda enlouquecem seus rumos. Até se perderem numa rede, que os afogará aos poucos, dosando felicidade e paixão, entorpecendo-os de prazer, quando não mais terão forças para voltar ao mundo da superfície, dos que gastam seu tempo a pensar demais em explicações que jamais serão dadas, pois da vida não artíficies, mas meros artesãos. Morrem precoces, num olhar que lhes deixa gravado o brilho vítreo de um torpor infinito.

Música é melodia, e cresce adolescente na palavra, no falar que a traduz em termos leigos. Traça em notas o que sonhara dizer em versos. Música é a deusa invejosa da palavra, como a palavra cora-se calada, tentando em rimas o que seduz um violino romântico.

Escritores são como músicos, usam sua arte, que lhes nega o complemento fundamental. Como músicos, escritores falam em evasivas, sugerem harmônicos que alguém lhes escute, sem jamais saber onde terão eco. Assim os músicos crispam as cordas do instrumento, como caneta de pena ousada, traçando letras que alguém os leia.

São ambos, músicos e escritores, almas tocadas pela emoção, sem poder garoar seus sentimentos não mais que incompletos. Buscam nos segredos de sua arte uma forma que lhes permita ao menos deixar parcas pistas das emoções que não saberiam traduzir.

E como loucos, fogem das multidões consumidas, porque, de alguma forma, querem fazer brotar algum feto acima de todos os povos, e lhes provar a todos, que a beleza é possível.

E, mesmo gêmeas, jamais serão, música e literatura, siamesas, pois uma vive no sonho da outra. Em comum, tentam decifrar da mulher a beleza...
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