Inverno no Verão
(...ou do outro lado do quebra-mar)
Em pleno verão um dia de inverno.....
O dia amanheceu belo, choveu lá pelas quatro, depois o céu começou a trocar as cores da noite.
O ar mostrou-se fresco e os raios fracos do sol refletiam o brilho do aço no gramado que agasalha a encosta do forte.
À frente, o mar, além do mar o horizonte , além do horizonte
o desejo de lá, um dia voltar com o mesmo cair de tarde, com o sol manso, cálido...
O dia passou lento, arrastando-se no seu vestido cinza,
o tempo uniu-se a este escondendo as horas que não se via passar...
Veio a tarde e com ela nuvens grossas pairaram sobre a terra,
de longe vieram os clarões e os rugidos da tormenta a se armar.
Chegou a noite montada em vento bravio,
enfureceram-se as ondas do mar,
mostraram sua zanga em forma de vagas
despencando-se nas areias da praia.
Noite longa, de açoite frio ferindo as pedras do cais;
noite de gritos, rangidos e estalidos,
nas amarras, nos paus de carga, nos gurupés...
A fúria assolou até de manhãzinha;
foi embora deixando pequeno rastro
enquanto novo dia clareava o céu...
...passam-se os dias, passam pequenos barcos que saem a pescar
O que não passa é a vontade de vê-la sem ver o tempo passar...
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