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Artigos-->Como chegamos ao extremo? -- 03/07/2008 - 19:37 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Três indagações: 1) Se você acompanhou com um pouquinho de atenção o noticiário dos últimos dias deve saber que uma fumaça fétida está manchando o céu de Nápoles, a terceira maior cidade da Itália. Não, os fornos de pizza não se super aqueceram, mas quase ficaram soterrados por toneladas de lixo a céu aberto. Nápoles não tem mais lugar para esconder seu lixo. Não há mais aterros, não há mais lixões, não há mais tapetes. Mas há quem queira empurrar essas e outras sujeiras para baixo de ao menos um capacho. Enquanto os governantes negociam com países vizinhos a transferência do lixo que ocupa as principais ruas da cidade histórica, a população napolitana resolveu tomar uma atitude: botou fogo no lixo. Foi um protesto perigoso, já que o lixo, ao ser incinerado, produz gases cancerígenos. Pergunta: como essa situação chegou a um ponto tão extremo?

2) Previsões sombrias afirmam que o trânsito na cidade de São Paulo vai parar de vez em poucos anos. Quem escuta a Eldorado FM, rádio famosa pela boa música e pela cobertura do trânsito, percebe pelo tom do locutor na hora dos boletins que 72 km de congestionamento são uma benção para quem enfrenta 250 km de paradeira quase todo dia. O transporte coletivo não funciona, o rodízio não resolve e as pessoas continuam paradas nas marginais, solitárias em seus carros nos quais caberiam mais três ou quatro passageiros. O stress é sem fim e a poluição também. Ainda assim, na televisão e no rádio, os anunciantes mais freqüentes são montadoras e revendedoras de automóveis novos. Nunca foi tão fácil comprar um carro. Nunca o problema do trânsito foi tão grave. Pergunta: como essa situação chegou a um ponto tão extremo?

3) A educação é apontada por deus-e-todo-mundo como a única maneira de salvar o mundo. Em ano de eleições municipais é ainda pior. Cada candidato a vereador ou prefeito vai apontar o dedo para a área educacional e catalogá-la como a prioridade das prioridades. Já faz tempo que é assim. No entanto, há alunos em todas as séries, de todos os níveis, com total incapacidade de entender enunciados básicos e realizar cálculos elementares. Em todos os níveis: infantil, fundamental, médio e SUPERIOR! Já devemos ter analfabetos funcionais com títulos de mestre reconhecidos pelos órgãos competentes. Família sem estrutura, ensino fundamental com progressão continuada, ensino médio supletivo, graduação e mestrado a distância. Temos aí o circuito que permite a formação de um mestre analfabeto funcional. Pergunta: como essa situação chegou a um ponto tão extremo?

Sem querer bancar o adolescente, e assumindo que acredito que somos todos meio púberes, sou incapaz de dar respostas definitivas a essa pergunta feita aqui três vezes, mas que poderia ser repetida infinitamente. Tenho desconfianças sobre as causas. Só desconfianças. Numa conversa virtual com o sábio e equilibrado Dr. Brasil Salomão, certa vez, confessei que faço parte de uma geração formada de maneira descontínua, um pouco em frente à TV (ou “um muito”?), outro tanto com a orelha nas FMs, mais uma parte em livros e o menor delas na escola tecno-burocrática dos generais brasileiros. Essa limitação até funciona como um motor que dispara a curiosidade e a vontade de saber mais sobre tudo. Mas é uma busca feita sobre um alicerce incompleto que vai se tornando vagarosamente mais sólido com os resultados da própria busca. Assim, em certos casos, sou obrigado a aceitar: há muitas conclusões às quais não chego porque não sou capaz. Ainda.

Sobre esses assuntos, que não se esgotam nesse texto, fica a minha já anunciada desconfiança: as coisas chegaram a esse ponto extremo graças à nossa hipocrisia e à conseqüente compulsão por fazer pelo fazer só para ter a impressão de que as questões mais importantes de nosso tempo estão resolvidas. Os noticiários, no entanto, mostram que nada está sendo resolvido de verdade.

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