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Artigos-->A vida é Bela & Chá com Mussolini - Um olhar psicanalítico -- 06/07/2008 - 15:21 (Gabriel Arruda Burani) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Iniciarei uma pequena analise, sob enfoque da

Psicanálise, acerca do filme “A vida é bela” (1997), dirigido e estrelado por

Roberto Benigni. Focalizarei elementos importantes da teoria psicanalítica,

como o conflito edipiano, sintoma e o não-dito sempre sobre o enfoque do

sujeito a emergir da criança.O filme aborda a relação pai-filho tendo como cenário a Segunda Guerra Mundial. Neste contexto a criança vivencia e experiência os horrores dos campos de concentração, discriminação racial, ao lado do pai, que por sua vez, tenta passar a criança que este mundo é um mundo lúdico, de brincadeiras, e que o que estão vivendo não passa de um jogo.Oras, onde entra a realidade nisso tudo? Ate onde o pai, usa de sua função paterna para domar a realidade de seu filho? Sob uma visão leiga, o modo cômico com que o personagem Guido (pai) revela os horrores da guerra ao filho Josué se dá pelo excesso de proteção. A criança pouco fala e experiência aquela vida de modo passivo. Como exigir que a criança fale, se ela não sabe denominar aquilo que esta vivendo? Josué não tem a “palavra justa” do pai, para denominar aquilo que vê, muito embora saiba e sinta a angustia do pai. O menino, mesmo não-dizendo, quer saber sobre o desejo do Outro e este, o pai, por sua vez, continua a ocultar do filho a realidade.E quanto a Guido, que tenta se proteger do absurdo nazista em que é submetido? Como lidar com sua ferida narcisica? Bem, durante todo o filme, pude perceber que o pai ludibria aquela realidade, passando ao filho que – mesmo vendo o real problema daquilo tudo – tudo não passa de uma brincadeira. Não sabemos que tipo de sujeito emergirá daquela criança que se vem impossibilitada de o fazer por seu pai. Josué permanece todo o filme submetido ao desejo do outro, no caso, do pai. Josué, consegue deixar de ser o porta-voz do sintoma do pai: em tese ao menino é atribuída à situação vista de forma lúdica, muito embora seja sabido que isso tudo é manifestação dos sintomas de Guido.Farei-me valer de outro filme que enfoca a mesma época – Segunda Guerra Mundial: “Chá com Mussolini”, diretor Franco Zeffirelli. Neste filme, dentre muitos personagens, temos a personagem Lady Hester, viúva de um embaixador inglês (interpretada pela atriz Maggie Smith). Quando a Italia entrou na guerra, a personagem, Lady Hester, assim como um grupo de senhoras inglesas, foram mantidas sob custodia do regime fascista. Lady Hester era uma mulher orgulhosa e autoritária. Tinha um sobrinho, um rapaz de nome Wilfred, a quem ela mantem total domínio. Dada a situação da prisão, e temendo se separar do rapaz, Lady Hester o traveste de mulher para viver na prisão com ela e as demais senhoras inglesas, sob o motivo de proteger o rapaz. À medida que o filme corre, o rapaz Wilfred, se vê inconformado de ser tratado e visto como uma mulher, de estar sujeitado ao desejo do Outro. Por mais que a tia tente manter o rapaz sob seu domínio, ele começa a escapar dele.Dado momento, Wilfred retira as roupas frente aos soldados e diz: “Eu sou Wilfred, não sou Lucy!”, antes de deixar a prisão. Podemos interpretar isso como: “Eu desejo! Não estou mais sob o desejo do Outro!”Ate então Wilfred viva passivo e submisso às ordens da tia, extremamente autoritária. Posso dizer que Lady exercia a figura paterna e materna sobre Wilfred. Ele vivia sob o desejo do Outro, no caso da tia. No momento em que o rapaz fala, simboliza, significa, ele deixa de ser o desejo do Outro para ser um sujeito desejante, ele é castrado do conflito edipiano que vivia ate então, e reivindica sua constituição narcisica: eu sou.É o que não vemos acontecer no filme “A vida é bela”. Guido não permite em momento algum que o menino busque esta constituição narcisica, enquanto junto de si. A criança é mantida sob a proteção do pai e sob seu desejo.Josué não tem, como Wilfred, oportunidade de ser desejante, de se constituir como sujeito que deseja.

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