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Artigos-->O Operario em Construção & Karl Marx -- 06/07/2008 - 15:23 (Gabriel Arruda Burani) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O poema “O operário em construção” escrito por Vinícius de Moraes há mais de meio século, em 1956, e descreve o trabalho como base da vida humana; descreve o processo de tomada de consciência de um operário, partindo de uma situação de completa alienação: “tudo desconhecia/ de sua grande missão”, sem saber “que a casa que ele fazia/ sendo a sua liberdade/ era a sua escravidão”.



A alienação do trabalhador faz o produto ser

estranho e independente de seu construtor, sendo-lhe estranho e opositor. A propriedade privada é produto do trabalho e o meio de alienação do trabalhador. “De fato, como podia / Um operário em construção / Compreender por que um tijolo / Valia mais do que um pão? / Tijolos ele empilhava / Com pá, cimento e esquadria / Quanto ao pão, ele o comia... / Mas fosse comer tijolo!”



O trabalhador é alheio a tudo o que produz,

não se dando conta de que aquilo que cria é parte de si.



A suspensão desta alienação se inicia, quando

o operário começa a tomar consciência: quando acordou foi tomado “de uma súbita emoção” ao constatar que era ele que fazia todas as coisas: garrafa, prato, facão, “gamela/ banco, enxerga, caldeirão,/ vidro, parede, janela,/ casa, cidade, nação”. Não apenas os objetos de uso cotidiano, como roupas, alimentos, casa, mas também instituições (cidade, nação), e o próprio operário, resultam do trabalho. “Foi dentro dessa compreensão / Desse instante solitário / Que, tal sua construção / Cresceu também o operário / Cresceu em alto e profundo / Em largo e no coração / E como tudo que cresce / Ele não cresceu em vão / Pois alem do que sabia / - Exercer a profissão - / O operário adquiriu / Uma nova dimensão: / A dimensão da poesia.” A experiência daquele homem o impulsionou a deixar aquela alienação e tomar consciência. A consciência do operário sai dos limites do real, do presente e atravessa os limites das possibilidades.



Passou a identificar que seu produto lhe era opositor e, em contra-partida, era aliado do patrão. “E aprendeu a notar coisas / A que não dava atenção: / Notou que sua marmita / Era o prato do patrão / Que sua cerveja preta / Era o uísque do patrão / Que seu macacão de zuarte / Era o terno do patrão / Que o casebre onde morava / Era a mansão do patrão / Que seus dois pés andarilhos / Eram as rodas do patrão / Que a dureza do seu dia / Era a noite do patrão / Que sua imensa fadiga / Era amiga do patrão.” Aqui podemos assistir um confronto entre dois grupos antagônicos da sociedade capitalista, segundo Marx: os que trabalham, e os que detém o poder sobre o produto do trabalho. Imerso em sua alienação, o operário não se dava conta de que toda sua labuta pertencia ao patrão, que seu trabalho alienado criava o capital e a propriedade privada, as quais o patrão era detentor.



O operário consciente, passou a iluminar o caminho de seus companheiros até então alienados:“E o operário disse: Não! / E o operário fez-se forte / Na sua resolução” para a tomada de uma consciência pensante. A alienação presente começa a ser suspensa, entregue à possibilidades. “ Como era de se esperar / As bocas da delação / Começaram a dizer coisas / Aos ouvidos do patrão / Mas o patrão nao queria / Nenhuma preocupação.” Incomodado com a preocupação que este operário começava a causar, já que sem o trabalho alienado a criação do capital torna-se deficiente, o patrão manda que tomem providência.



O confronto entre as idéias do operário e do patrão demarca a luta de classes, objeto de estudo de Marx. O patrão apresenta ao operário o mundo, como se fosse seu, embora o operário: “Disse e fitou o operário / Que olhava e refletia / Mas o que via o operário / O patrão nunca veria / O operário via casas / E dentro das estruturas / Via coisas, objetos / Produtos, manufaturas. / Via tudo o que fazia / O lucro do seu patrão / E em cada coisa que via / Misteriosamente havia / A marca de sua mão. / E o operário disse: Não!” e o operário vê aquele mundo como seu produto e não como propriedade do patrão.



Este é o ponto chave desta luta entre o patrão e o

operário. “- Loucura! - gritou o patrão / Não vês o que te dou eu? / - Mentira! - disse o operário / Nao podes dar-me o que e`` meu.” Um detém o poder, mas não sua produção, enquanto o outro é o produtor, mas não o dono. O operário não mais alienado, tomado de “Uma esperança sincera / Cresceu no seu coração” ganha o mundo, sai do determinismo econômico das coisas e passa a ver novos horizontes. A imaginação do operário consciente é alimentada pelo desejo, pela abolição deste sistema “De um homem pobre e esquecido / Razão porém que fizera / Em operário construído / O operário em construção.”
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