Desde menina,
(talvez por ter água salgada nas veias)
me persegue esta sina
de construir castelos de areia
Eu projeto, traço o esboço
arquiteto, planejo
demarco a área, meço
edifico com cuidado
habito, cuido, arejo
e fico à espera
debruçada na janela
de uma visita repentina
para desfrutar comigo
desse meu delírio
uma fuga na rotina
um vácuo, um recuo
entre o real e o imaginário
De repente, o tempo muda
a vista fica turva
pelo amor que sonhei sozinha
Vem a chuva, o vendaval
tempo fechado, raios, trovoadas
nuvens carregadas
desaguando sobre os sonhos
que ergui em minha praia
Meu castelo não resiste
à vida como ela é
e sucumbe, desaba
se desmancha
à primeira alta da maré.
http://almadepoeta.weblogger.com.br
http://www.poesiailustrada.hpg.com.br |