Põe o seu peso na folha
antes que o vento
entre no papel.
O poema vem
espalhando cores.
Ele se dispõe a salvar
tudo,o mundo, a rosa,
o rio que não suspeita
da força das pedras,
os pássaros que ficam
no poema, e na rede
das suas asas.
O poema está à minha frente
como a chuva entre mim e o dia,
o poema dispõe-se a ser
um ar de estrelas,
um vento no qual assomamos
o rosto na janela,
um ritmo para seguir
com os olhos.
O poema toma todos
os riscos da vida,
até se não fosse tão triste
a morte, morreria.
O poema por fim fecha
o poeta em casa.
E agora está preso ao poema
como se desse a última palavra.
POEMA PUBLICADO EM BARCELONA, NA PLAZA y JANES- |