Sou Iracema...
De José de Alencar...
Virgem dos lábios de mel...
os cabelos não são negros como
as asas da graúna... mas louros cor de ouro...
olhos verdes cor do mar!
Não quero mais parecer-me a anjos...
Transformo-me do dia para a noite...
em morena cor de jambo... olhos pretos...
como jabuticabas maduras no pé...
Agora sou assim:
Mulher caliente... sensual...
Visto-me de vermelho cor de sangue...
no mais justo dos modelos...
dos ombros até aos quadris... abrindo-se
em leques de babados até os pés!
Exponho minhas pernas ao girar o corpo
no frenesi do Flamenco.
A música me põe louca...
Pega fogo meu corpo... e bailo sem cessar!
Minha cabeça... braços... mãos... pescoço...
pernas... e pés... em sincronia divina...
tornam cada vez mais bonita a melodia... e grito:
Olééééé!!!
Aos brados dos meus olééésss,
obedecidos pela orquestra, continuo a dançar...
Gitana de alma forte... brava... bato os pés
ao seguir o compasso da dança...
Meus gritos de olééééé continuam
até meu corpo exaurido cair...
e a orquestra parar de tocar!!!