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Contos-->Meu sonho - I -- 11/06/2000 - 11:25 (Claudia Mayer) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Meu Sonho – I

Caminhava pela floresta de grandes árvores e belas melodias, campos verdes e brisas macias; quando de repente senti um ar sonolento vindo do oeste, e adormeci perto da margem do silencioso Riacho da Tarde.
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Estou em uma cidade desconhecida, o cheiro das estradas empoeiradas lembra-me algum lugar conhecido. Os vendedores oferecem seus tapetes e especiarias, as mulheres ciganas querem prever o futuro de alguém. Uma delas se aproxima, e, ao olhar a palma de minha mão direita se surpreende: não vê futuro nela.
A mulher se afasta de mim, gritando:
- Eis o homem sem passado, presente ou futuro!Peguem-no, peguem-no, levem-no ao Rei!
Cinco guardas me assaltam, segurando meus braços e me arrastando para uma carroça. Jogam-me lá atrás e seguem para o castelo. Lá chegando, gritam aos guardas do portão:
- O Rei está de volta! O velho Rei está de volta!
Abrem-se os portões e as pessoas saem às janelas assustadas, fechando-as logo em seguida, gritando para dentro de suas casas. Nas muralhas, agora apinhadas de soldados curiosos, um vulto negro passa rapidamente por trás dos guardas e sobe até uma torre, acendendo lá uma frágil luz latejante.
Tiram-me da carroça e levam-me de encontro ao Rei. Tento saúda-lo, mas violentamente sou jogado ao chão e um cavaleiro aponta a espada para meu pescoço.
- Resolveu voltar? – disse o Rei – Não ficou satisfeito com a vida que lhe permiti ter? A floresta não lhe foi suficiente? Eu sei que o que você quer mesmo é o Reino.
Olhei para ele, sem saber sobre o que ele falava. Entretanto, eu conhecia de algum modo aquela língua antiga que ele falava, apesar de nunca a ter estudado antes. Não disse nada, e o Rei tomou o meu silêncio como um sinal de indolência. Chamou mais dois cavaleiros, que me colocaram de pé e me arrastaram, os três, para uma porta secreta que se abria na parede atrás do trono do Rei. Seguimos por um corredor frio e úmido, o cheiro de fungos fazia a minha garganta contrair-se, e eu não podia respirar. Logo chegamos a uma escada íngreme, da qual não podia se divisar o final. O cheiro de mofo diminuiu, ao longo da escada abriam-se estreitas fendas verticais, fazendo as vezes de ventilação. Chegando ao último degrau da escada, havia uma porta de ferro baixa. O cavaleiro que me apontara a espada no salão do Rei bateu na porta e ela logo se abriu, com um agudo rangido.
Atrás dela mostrou-se o vulto negro. Pequeno, esquelético, olhos fundos e uma boca delgada, pele muito pálida e enrugada. As mãos velhas pareciam as raízes de uma velha árvore de tão nodosas. Soou a sua voz:
- Deixe-me ver sua mão.
Sem sentir, ofereci minha mão a ele e ele a tocou com suas frias palmas.
- É o Rei que retornou. Por que?
Subitamente, uma memória que não era a minha lembrou-se de uma história, e respondi:
- O Rei que governa agora não é o verdadeiro Rei, e todos sabem disso. Vim para tomar meu lugar.
Então, ao dizer estas palavras, o velho afastou uma grande cortina que estava atrás dele. Mostrou-me uma prateleira onde guardava vários frascos, e, que visão horrenda! Dentro de cada um estavam guardados um par de mãos como as minhas – lisas, sem passado, presente ou futuro. Olhou-me nos olhos com seus olhos faiscantes e disse:
- Estes são seus antepassados, e todos eles foram mortos por mim, para que o Rei que agora governa possa ser eterno, um só monarca para sempre nestas terras. Quando você nasceu não sabíamos que era descendente do Primeiro Monarca deste lugar. E não entendíamos por que o Rei que está no trono hoje não via a minha magia dar certo. Ele estava envelhecendo, o que significava que algum parente do Primeiro Monarca ainda estava vivo. Então, hoje no mercado, a cigana lhe encontrou, e viu sua palma. Lisa, lisa, sem passado, sem presente e sem futuro...
Tomou minhas mãos entre as suas a as acariciou com suas mão nojentas. Apenas eu, ele e um cavaleiro estávamos na Torre. Então, com uma rapidez que eu não poderia prever num corpo tão velho, pegou uma pequena foice e cortou minhas duas mãos. Gritando de dor, caí ao chão, e o cavaleiro me levantou, dizendo palavras de magia.
O velho mago gritava encantamentos, respondendo às palavras que dizia o cavaleiro. Uma nuvem de fumaça se adensava no pequeno salão da Torre, e eu me sentia cada vez mais tonto e com sono. Desmaiei sobre a poça de sangue, e senti uma fria espada varar-me o abdômen. Lentamente a espada cortou-me de baixo para cima, e eu pude ver a cena como se olhasse de cima. Meu corpo foi jogado numa caixa, e o cavaleiro a levou para a escada, onde os outros dois cavaleiros o esperavam. O Mago pegou as duas mãos decepadas e as colocou num vidro, que depositou na prateleira, e disse:
- Agora, minha profecia vai se tornar realidade.
Segui os cavaleiros que levavam a caixa, e eles foram até um grande forno nos porões do castelo. Jogaram lá a caixa, e senti meu corpo queimar como se eu estivesse ainda dentro dele. Ardendo, desmaiei novamente, e acordei no grande salão do Rei, onde ele e o Mago conversavam:
- Então, agora serei eterno?
- Sim Vossa Majestade. O último herdeiro da Primeira Dinastia está morto. Então percebi a minha condição de espírito. Estava morto, aquele tinha sido o meu fim, numa história que não era nem minha. O Rei, então, declarou:
- Que comecem os preparativos para o ritual.
Logo o salão estava cheio de membros do clero e todos os cavaleiros do rei estavam presentes. O Rei pegou sua espada e sagrou cada um dos cavaleiros novamente, nomeando-os à Ordem do Rei Eterno. Os clérigos abençoaram a cena e depois os homens seguiram para uma grande festa.
Eu estava lá, observando, atento a tudo. Beberam, comeram e cantaram canções de vitória, numa celebração belíssima reservada apenas aos cavaleiros, clérigos e membros da nobreza. O Rei, em uma certa hora avançada da noite, sentiu-se com sono e foi para seus aposentos, seguido por seu melhor amigo, o seu escudeiro e sua amante.
Chegando ao quarto, comemorou com seu amigo a vitória com um cálice de licor:
- Agora que sou Imortal, posso beber a vontade! Meu coração é jovem novamente e agüentará qualquer coisa que possa me acontecer.
Seu amigo, que era também estudioso da medicina, respondeu:
- Realmente, Vossa Majestade. Agora, é como se tivesse nascido de novo.
O Rei, então, dispensou o escudeiro e o médico, despiu-se beijou a mulher apaixonadamente e amou-a como um jovem. Depois, deitaram-se e adormeceram.
Na manhã seguinte, a jovem amante do Rei acordou e o encontrou morto em sua cama.
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Acordei com o som das águas do Riacho. Entorpecido ainda pelo sono, olhei para minhas mãos. Nelas não haviam linhas nem marcas. Sem passado, presente ou futuro...........
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