Usina de Letras
Usina de Letras
116 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62231 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22537)

Discursos (3239)

Ensaios - (10367)

Erótico (13570)

Frases (50628)

Humor (20031)

Infantil (5434)

Infanto Juvenil (4768)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140805)

Redação (3306)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6190)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cordel-->O matuto só num sabe iscrevê, mas sabe qui o luar do... -- 09/03/2003 - 15:07 (Airam Ribeiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
LITERATURA DE CORDEL


O matuto só num sabe iscrever, mas sabe qui o luar do sertão é o mais bunito.



Seu moço te conto agora
Eu num sei bem iscrever
Coisa desse português
Qui ocêis vévi a ler
Num priocupo cuns erro
O qui iscrevo nus termo
Eu quero é atingi ocê.

Ocê qui vévi priocupano
Em ver os erro do matuto
Ocê num sabe da agonia
Pra iscrever certo, eu luto
Luto cum minha inteligença
Qui já ta véia cum demença
Já num sou muleque astuto.

Mas a alma sabe iscrever
Uma iscrita de sabiduria
A caneta do coração
Escreve as labuta do dia
Iscreveno as coisa singela
Pois Deus fêis tudo bela
Cuma o Sol qui alumia.

E ele alumia tanto
O iscuro do ser vivente
Que mora no pé da serra
Mas qui é home descente
A curtura num é a iscrita
Depende do qui a alma dita
Quando o purtuguês é carente.

Para o matuto intendê
Num pricisa de acentuação
Ele sabe qui o luar
É mais bunito no sertão
Os sabido que vévi ao léu
Dibaixo dos arranha-céu
Num cunhece a lua não.

Na roça inda se bebe
Água pura do riacho
Vem pelos cano de bambu
E trás pra ele ca embaixo
Ele nem sabe o qui é cloro
Pur isso eu lhe imploro
Deixe cum x o maxo.

Esse maxo qui intende
A linguage qui iscreve
Lê cum zóio da alma
Corrigi-lo, num atreve!
Ele inxerga mió
Sei qui iscreve pió
Mas sua alma num tem greve.

Trabaia de solasol
Só de noite vai discansá
Pra pegar noutro batente
Quando outro sol raiar
À noite ele num tem tempo
O Mobral foi-se ao vento
Num pôde se alfabetizar.

Tanta coisa bunita
Qui iscreve Zé Limeira
Num tem iscrita boa
Mas ele num diz bestera
Marmió é iguá a bem melhor
Quem num intende é bocó
Ele aprendeu foi na fera!

Na roça num tem Aurélio
Nem Delta la Rose tomém
Nois vai iscrever desse jeito
E a curpa é de alguém
Se ocè num intendeu
Mande um imeio preu
Aqui no interiô de Itanhém.

Nossas porta num tem grade
Nossa casa num é prisão
Pois a grade só foi feita
Pra colocar na detenção
Drumimo cum a porta aberta
Nossa vidinha é discreta
E respiramo sem poluição.

Minha vidinha é livre
Sei qui num sou sabichão
Nunca tive numa iscola
Pois trabaio no grotão
De iscrita sou carente
Mas sou home descente
Filho de bom cidadão.

Num humilhe mais o matuto
Sua inxada é sua caneta
Só fi de rico tem iscola
E vévi a vida porreta
Tem trator para arar
E fartura dento do lar
E é o qui mais fais mutreta.

Um recado pro seu Lula
Quero imprego pra trabaiá
Cê vai matá minha fome
E vai tomém me viciar
Só num sei bem iscrever
Mas eu sei entender
Quisso é pra mim tapiá.


Airam Ribeiro
09/03/03

Gosto de iscrever deste jeito, inté parece qui tornei nascer matuto. Por isso sou fã do Zé Limeira.

Quando o pobre vai no banco para financiar a lavoura, de hoje que o rico cum suas mutretas já pegou o dinheiro tudo. A grojeta do gerente foi gorda.









Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui