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Contos-->O pedreiro -- 11/06/2000 - 11:27 (Vera Maria dos Santos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O PEDREIRO

Dentro de Umbaúba, não tinha quem fizesse serviço de pedreiro igual ao de Zé do Pio. Rapaz moço, vistoso, de mais ou menos trinta anos de idade, estatura mediana e corpo robusto. Ele era muito pobre, morava num pedacinho de terra fora da cidade, com dona Mundinha, que paria todo ano.
Num dia de feira grande, em Umbaúba, quando Zé do Pio tomava um trago, na bodega de Seu França, viu uma moça, alta, aparentando uns quarenta anos, entrar toda se rebolando, chamando a atenção do povo.
Essa moça usava uns brincos bem grandes, um vestido bem espalhafatoso, batom afogueado, tudo combinando com a cor da roupa, da peruca e do lencinho amarrado na testa, imitando Rita Pavone. Tudo nela era grande: peito, bunda, cabelo, unha.
Como se desfilasse numa passarela, a moça seguiu em linha reta da porta até ao balcão, onde se encostou e, sem tirar os olhos de Zé do Pio, comprou um cigarro e saiu do mesmo jeito que entrou.
Zé do Pio ficou sem entender direito por que aquela moça tão bonitona e da sociedade ficou olhando para ele, um pedreiro esfarrapado.
— Quem é...?
Seu França, que sabia da vida de todo o mundo, falou alto, para quem quisesse ouvir:
— É dona Inês, uma vitalina que mora sozinha, professora de matemática do Educandáro Paroquial. Os alunos têm o maior medo dela, dizem que é uma peste!... Deus que me livre de falar mal dessa moça, credo em cruz Ave Maria três vezes. Eu vi com estes olhos, que a terra há de comer, um dia, uns irmãos que ela tem por aí a fora, metidos a valentões, chegarem aqui, nesse bar, pra tomar satisfação com as pessoas que inventaram fuxico da professora. Eu escutei a confusão toda, por pouco não saiu tiro.
O dono da bodega falava empolgado, mas de repente abaixou o tom de voz cochichando, só para Zé do Pio:
— Ela se diz moça donzela e ai de quem disser o contrário. Mas todo o mundo sabe que, por baixo dos panos, ela dá umas escapulidas. Ela gosta mesmo é de rapaz novo!...Tá pensando que eu não vi que ela não tirou os olhos de você?... Só sei de uma coisa: quando ela bota o olho num homem, só sossega adepois que se deita mais ele. Agora você vá sair por aí com a sua língua grande falando o que ouviu, que eu digo que é tudo mentira.
Dias depois, dona Inês mandou um recado para o pedreiro dizendo que tinha um serviço para ele. O pedreiro atendeu ao chamado; era para fazer uma reforma no quarto dela.
Era tanto trabalho, que o pedreiro, precisou morar dia e noite na casa da professora, trabalhando duro!
O tempo foi passando, passando e nada de acabar a empreitada. Para Zé do Pio não ficar tão assoberbado, a professora contratou três ajudantes de pedreiro. E assim Zé do Pio, promovido a mestre de obra, não pegava mais no pesado. Dona Inês, satisfeita com o serviço, pagava-o com generosidade. Agora o dinheiro dele dava para fazer a feira, comprar roupa e ainda arrumar, de tudo, a casa da família.
Na cidade, em todo lugar, a professora e o pedreiro eram o comentário de todo dia. A fofocada cresceu e chegou aos ouvidos de dona Mundinha por uns fofoqueiros que tiveram lá na porta dela e disseram a ela mesmo:
— A senhora é uma inocente de Deus. Todo mundo sabe que o seu marido tá amigado com dona Inês...
Dona Mundinha botou a mão na cabeça e desatinada disse:
— Mas não é possível!... Vocês não valem nada mesmo, não podem ver ninguém melhorar de vida! Fiquem vocês sabendo, que ainda tem gente boa nesse mundo!
Para demonstrar gratidão a dona Inês, dona Mundinha foi a Umbaúba e contratou o melhor retratista para tirar uns retratos da amiga de seu marido. Quando ficaram prontos, dona Mundinha escolheu o melhor de todos, mandou ampliá-lo para fazer um quadro e pendurou-o na parede da sala de sua casa, pois queria olhar, todo dia, para aquela abençoada senhora e agradecer a Deus por ela existir.
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