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Artigos-->O TRIO FANTASMA - 4a Parte / A PREGUIÇA -- 18/08/2008 - 19:28 (A.Lucas) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ATENÇÃO: Este trabalho está sendo apresentado em cinco partes, para conveniência dos leitores. Sugiro que esta ordem seja respeitada para melhor compreensão.



A PREGUIÇA

O nosso idioma, algumas vezes, é tremendamente rico em capacidade de expressão e noutras vezes parece carecer de mais palavras. “Preguiça” talvez não fosse a palavra adequada mas, com perdão do leitor, não arranjei outra melhor para expressar o que quero. Não trato aqui da preguiça causada por um belo almoço e uma tarde quente, ou da que aparece ao ser necessário ir ao supermercado cheio para comprar apenas um sabonete. Chamo de preguiça aquilo que leva as pessoas a tentarem juntar-se, para que outros façam o que alguns “têm preguiça”.

Explicando melhor: imagine que na tribo do Sr. Neanderthal cada homem pudesse, sozinho, construir um abrigo para si em dez dias, em média. Aceite ainda que essa “média” deve-se ao fato do Sr. N ser muito eficiente ao fincar troncos no chão para sustentar o abrigo e um tanto desajeitado para colocar a cobertura (devido à sua grande força mas pequena estatura) enquanto o alto mas não muito forte Sr. NN era incapaz de criar uma boa e firme estrutura, mas seus telhados agüentavam os fortes temporais de verão. Ora, dada esta situação, nada mais lógico que N e NN se reunissem e, no prazo de dez dias, criassem dois bons abrigos, um para cada um. O que veio depois, quando a Sra. N teve filhos e precisou aumentar a cobertura da casa enquanto o Sr. NN ainda estava solteiro e não queria um abrigo maior, já se pode imaginar: inventaram a retribuição em alimentos e serviços, diferentes formas de pagamento, regras, palavras, números, valores, moedas, leis, impostos, fronteiras... (sim, este também é assunto para outro texto!)

Admito, mais uma vez, que alguns leitores podem não concordar com a associação do instinto de agregação com este sentimento a que chamei “preguiça”. Admito também que outros leitores podem sequer concordar que o descrito seja chamado de preguiça, mas, considere apenas duas coisas essenciais: primeira - algo faz as pessoas se juntarem para resolver seus problemas (se não concorda com isso tente ficar apenas um dia sem utilizar qualquer objeto que tenha sido feito por outra pessoa e que você não possa ou não saiba fazer a partir de recursos naturais); segunda – mesmo quando sabem e podem fazer certas coisas as pessoas às vezes escolhem não faze-las, por iniciativa apenas da própria vontade (ou falta dela).



Imaginemos agora o que poderia ter acontecido com a passageira de asa delta se ela tivesse tido preguiça de viajar para o Rio de Janeiro, ou de percorrer o trajeto até o local de decolagem: correria o risco de não vencer o seu medo, não fazer a salvadora cirurgia ou faze-la tarde demais. O que seria do piloto de competição se a tonteira causada pelo rodopio do carro a mais de 200km/h lhe tirasse a vontade de correr até os boxes? O que teria acontecido com o novato, no alto da torre, se eu tivesse subestimado seu medo como força criadora da Vontade de descer?

Certamente é mais fácil imaginar exemplos do “bom medo” e do “bom orgulho” que da “boa preguiça” mas, pelo exposto acima, é possível perceber que considero a “boa preguiça” como, ao menos, uma das sementes de tudo que chamamos de civilização. Eu diria até mesmo que o “bom medo” e o “bom orgulho” estão no nível “micro” (ou individual) enquanto a “boa preguiça” está no nível “macro” (ou coletivo).

Se meu amigo G fosse um pouco mais preguiçoso para pensar talvez tivesse optado por um simples emprego, com salário e tudo o mais, ao invés de ficar arquitetando planos mirabolantes para tornar-se muito rico, enquanto H talvez encontrasse, pela preguiça de mudar de emprego, a motivação necessária para aceitar sua desmotivadora vida profissional, obtendo assim a feliz recompensa de um casamento equilibrado.



Exemplos da face perniciosa da preguiça não haverão de faltar nunca e, quando colocamos uma pitada de um dos outros dois elementos, nem se fala. O orgulho e o medo trazem em si mesmos uma parte da “cura”: eles sempre nos causam alguma espécie de “dor” e esta, por si, nos leva a querer mudar algo. A preguiça, ao contrário, não “dói”, apenas nos tira a vontade de fazer, de tentar, de buscar soluções. Junte-se, por exemplo, a preguiça e o orgulho e podemos ter alguém vaidoso e (auto)impedido de tentar manter a forma física, a ponto de passar semanas a fio sofrendo com isso (pelo orgulho ferido) sem, no entanto, conseguir buscar uma saída (graças à preguiça). Junte-se o medo e a preguiça e poderemos ter alguém com dependência dos outros o suficiente para se recusar a sair de casa (medo de andar de ônibus + preguiça de dirigir). Se juntarmos os três então...

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