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Contos-->O caso dos bombons. -- 10/07/2002 - 12:54 (Osmar Malheiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Hoje fiz uma coisa estranha...Bem, não necessariamente tão estranha quando falamos de "Osmar". Na praça João Mendes, em frente a uma padaria, a Santa Tereza, que existe lá, penso que a mais de 20 anos.
O local é um ponto de prostitutas e hoje faz bastante frio. Vamos ao fato. No período da tarde passei num amigo e na volta, passei na "Santa Tereza" para comprar pão. Entrei e como estava com fome pedi um pedaço de pizza. No caixa, quando fui pagar a conta, aproveitei e comprei 5 bombons. Para que? Ora, para entregar as prostitutas. Por que? Simples, nunca fui adepto a sair com uma prostituta ( apesar de algumas fantasias adolescentes ), mas a intenção era tentar fazer alguma coisa humana, não sabia exatamente o que, mas a intenção era só essa. Comprei os bombons ( sonhos de valsa e ouro branco, por que vai que elas querem escolher).
A praça já estava um pouco deserta e ao sair da padaria me dirigi para um telefone público com a falsa intenção de ligar para ficar sondando a qual delas eu poderia começar minha abordagem, fiquei naquele orelhão bem uns quinze minutos só discando para 555-5555 e olhando para elas com um gelo na barriga e o coração apertado, afinal o medo da recusa era algo fremente. Uma delas, de ancas largas, morena, com caracteristicas nordestinas, estava mais próxima....saí do telefone e cheguei perto dela com a seguinte abordagem: Olá, você é uma moça egoista?
- Como assim egoista?
- Você sabe dividir as coisas? - e já fui abrindo a sacolinha com os bombons.
- Sei sim! - falou sorrindo a moça
- Ahhhhhhh! Então você escolhe sonho de valsa ou ouro branco?
- Ah! Eu quero ouro branco!!
- Hummmm....ouro branco por causa do ouro...Sorri e entreguei o bombom.

Até aí tudo bem, havia conseguido me aproximar sem me expor e sem causar estranheza, afinal, mesmo sendo uma prostituta, para mim não é nada fácil essa aproximação...

- Você pode entregar esses aqui para suas colegas?
- Hummmmm....vai lá e entrega, ué!
- Mas será que elas vão receber?
- Ah, isso só você fazendo. - falou dando um sorriso largo.

Convencido pelo sorriso, me dirigi ao ponto onde se concentrava a maior parte delas e no meio do caminho encontrei uma que estava quase que escondida no vão de uma parede. Ofereci...

- Oi, você quer um bombom?
- Como é que é?
- Um bombom, você quer?

Ela me olhou com uma cara de desdém tão grande que tive vontade de me esconder, mas, insistente que sou, insisti:

- Eu tenho sonho de valsa e ouro branco!
- Eu tô esperando é cliente! - virando o rosto para o outro lado.

Extremamente sem graça fechei a sacolinha e pensei: "Já que você está no inferno, abraça o capeta!". Fui para a próxima:

- Oi, quer um bombom?
- Quê?
- Quer um bombom?
- NÃO!
- Mas a sua amiga, lá da ponta pegou? - falei com um sorriso pra lá de amarelo
- Minha amiga é minha amiga, eu sou eu. Não quero!
- Tá bom!

Fechei a sacolinha mais uma vez e agora me dirigia para a próxima como se fosse um boi indo para o matadouro. A moça era loura, tingida, mas loura, uma pele bem braca e um batom bem vermelho acentuando os lábios. Já com um esforço terrível, falei:

- Oi, calma, não se assuste é que eu estou tentando distribuir alguns
bombons para vocês, mas já teve algumas de suas amigas que me trataram super mal, eu só queria oferecer um bombom, você quer um?
- O meu amor, obrigada, mas eu não quero não.

Ufa! Pelo menos uma moça gentil. Coisa curiosa é que, bem perto dela estavam outras três moças. Encorajado por mais esse sorriso, perguntei a ela:

- Será que suas amigas querem? Ou são bravas como as outras?
- Não sei. ô fulana, quer bombom? - Disse a mais jovem que estava por ali. A moça não respondeu mas fez um sinal veemente que não queria. Haviams mais duas...Ai meu Deus, vamos lá! Me dirigi para a penultima e mais uma vez aquela pergunta besta...

- Oi quer bombom?
- Não! ( foi um não entre dentes, mexendo a cabeça negativamente)
- Tá bom.

Fui para a última.

- Oi quer bombom?

...Me ignorou, não houve resposta, mas sei que ela me ouviu. Fechei a sacolinha, com os bombons restantes e fiz o caminho de volta que devia ter uns dez metros mas que naquela situação no qual eu me encotrava agora tinha dois quilometros por olhares de mulheres desconfiadas e raivosas. Tive ainda forças para chegar a primeira moça, aquela primeira que aceitou o bombom lembram? E arrematei o fim de todas as minhas expectativas de bom samaritano que quer tentar ver essas mulheres como seres humanos, antes de "mulheres", antes de "produto":

- Oi, sobraram alguns e as moças não quiseram de jeito nenhum, será que mais tarde você poderia entragar para elas?
- Ah, elas não querem!
- Você quer?
- Não, não, vai me deixar gorda?
- Tem certeza, pode ficar?
- Não quero. Olha, se você seguir por aqui tem mais lá pra frente, oferece pra elas.
- Ah! Ok. Tchau.

Fechei as sacolinha, uma cara lisa e a mente totalmente embaraçada...Não sabia nem o que pensar direito. Simplesmente entrei no carro e sai dirigindo. Ao chegar em casa foi que parei para pensar um pouco na minha insensatez ou na minha benevolência. Por um lado, acredito que estava realmente atrapalhando, afinal, se não ia transar por que encher o saco de quem estava "trabalhando". Mesmo que esse seja um tipo de trabalho não muito ortodoxo, não deixa de ser e pronto. Por outro lado, fico pensando o que nós, homens, fizemos a estas mulheres, a cada transa paga, fomos arrancando um pedaço de seus corações, deixando-as ocas. Insensiveis. Incapazes de receber um bombom e dizer: Obrigada!




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