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Cronicas-->Cem contra Um -- 26/04/2002 - 11:28 (Carlos Alcino Valadão Lopes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

As sirenes e o estrondoso burburinho acordaram dona Cacilda de sobressalto:
- Meus Deus, mas o que é isto ? Será que o mundo tá acabando ?
De camisola mesmo levantou-se rapidamente; esquecendo da artrite, sinusite e outros "ites" que teimava em possuir; e correu para a janela de seu quarto que dava para a rua e gritou para o primeiro que passava:
- Ei! Você aí! Que que tá havendo ?
- Não sei minha senhora, to tentando saber ?
- Mas como não sabe ? tá aí na rua fazendo o que, vendo a banda passar ? mas que incompetência desse povo. Eu vou é ligar pra Gertrudes.
Por alguns segundos ficou em dúvida se pegava o telefone pois poderia perder alguma coisa interessante, mas depois optou por ligar já que não via na multidão ninguém conhecido e os que ela aleatoriamente chamava não lhe davam a mínima atenção, talvez também tentando entender.
- Ah! Dona Cacilda mamãe não tá aqui não, ela foi pra rua pra ver a confusão. Ué!, a senhora tá perdendo essa ? que foi, tá doente ou tá surda ?
Cacilda ia dizer pro Alfredinho quem era a surda, mas como já tinha perdido muito tempo preferiu bater com o telefone na "cara" dele, o que simbolicamente valia a mesma coisa, e saiu porta fora, de camisola e sem dentadura.
Depois de vencer as primeiras barreiras humanas, atropelando quem estivesse na sua frente, foi barrada por um cordão de isolamento, formado por mais ou menos uns trinta policiais municipais, que gritavam palavras desconexas, intermediadas por palavrões, uns até que ela nem conhecia. O barulho era imenso, mas mesmo assim, Cacilda conseguiu, com seus ouvidos de alcoviteira formada, perceber a conversa entre alguns policiais.
- Chama a PM. Chama os colegas da Militar...
- Já chamaram. Eles tão chegando com o pessoal da "SUATI"
- E os "bombeiro" ?
- Disseram que só vinham, se tivesse fogo ou morto
- Isso a gente arranja é só jogar querosene na barraca e riscar um fósforo. Aí eles vão ter incêndio e cadáver ao mesmo tempo
- E a COMLURB ? tem que limpar tudo pra não deixar pista
- Essa só vem depois do cara do trator
- Que cara do trator ?
- O que vai botar tudo abaixo
- Mas cadê ele ?
- Tá engarrafado na Avenida Brasil
- Então não vai chegar a tempo é melhor a gente agir
- Pra que a pressa ? o prazo era até amanhã
- Mas o sargento não sabia escrever sexta-feira e mudou pra quinta...
- Então a gente tem que agir
- Olha, a Tropa de Choque da PM tá chegando
- Que beleza de procedimento. "Num" instante chegaram aqui na frente e só precisaram arrebentar a fuça de uns vinte
- Fora a velhinha, da camisola
- Pensei que eles não iam ver a velhinha
- Por pouco a Kombi não pega
- É!, mas o caminhão não errou
- A Polícia Rodoviária tá chegando, junto com o pessoal da Civil
- Agora vai...
- Vai o quê ?
- Vai ter tiro pra tudo o que é lado
- Então tá na hora
- Não, espera, vamos coordenar pra atacarmos todos juntos, de uma só vez. Aì pessoal, contagem regressiva. Dez, nove, oito ...... é..... Já
E de uma só vez todas as cem "ortoridade" avançaram heroicamente contra a barraca de artesanato do pacato Getúlio, figura querida entre os moradores de Santa Tereza, destruindo toda a periculosidade que sua arte possuía. Não deixando cultura sobre cultura.
Enquanto isso, nas ruas do centro da cidade, camelós vendiam todo o tipo de mercadoria, legitimamente pirateadas do Paraguai. Sem falar dos assaltos, dos assassinatos, dos sequestros...

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