Sentir nos pés a suavidade da grama
e o aroma majestoso da terra molhada,
ouvir o tão harmônico canto da aruama
e sentir o sabor único de uma coalhada.
Banhar-me nas águas silenciosas do riacho,
enxugar-me nas leves toalhas dos ventos,
comer bananas maduras no cacho,
caminhar e deixar fluir os pensamentos.
Descansar na velha rede ao entardecer,
ler meus livros ao som dos grilos na varanda,
olhar meus filhos alegres à correr
e sentir no ar um doce aroma de lavanda...
Saborear um feijão de gosto caipira,
contar estórias bonitas para ninar,
cantar canções ao som da lira
e ao lado dos meus filhos rezar...
Deitar-me em macios e cheirosos lençóis,
despir-me com as mãos de quem me ama
e no quarto na companhia de girassóis,
aconchegar-me em seus braços na cama.
Fazer amor com a alma e o coração,
falar coisas corriqueiras e sem nexo,
amar intensamente e com devoção
num prazer bem maior do que o sexo.
E pela leveza do sono já tomada
eu ergo então os braços meus
dizendo muito obrigada
pelo dia de hoje, meu Deus!
Alexandra Blandy
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