Com esta fina espátula rasgo minhas veias, doces canais submersos, deixando fluir o sangue quente, límpido e rutilante.
Imersa em água tépida, descanso, anemiada, sorvendo vinho branco gelado, seco e rascante.
Bendito prazer voluptuoso que me toma, me consome, qual o êxtase de um orgasmo prolongado.
Embalada pela sonolência que, aos poucos, turva-me a visão e insiste em cerrar minhas pálpebras, aguardo meu fiel amante.
Sinto-o próximo, muito próximo. Seu hálito bafeja minha face. Veio tomar posse!
Sorrio. Lânguida, entrego-me ao devaneio.
Me rendo. Me esvaio. Morro.
Meu desespero converteu-se em alumbramento.
Escrito em 24/06/02
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