Fernando Zocca
"De que me adianta viver na cidade, se a felicidade não me acompanhar?"
É esse o verso inicial de uma das canções mais famosas do cancioneiro popular. Expressa muito bem a verdade que sente a pessoa vivente no aglomerado urbano, onde há muitas paredes sem reboco, obras, montes de areia pelas calçadas, mas que no fundo, não é nada feliz.
As paredes, sem a argamassa, indicam que ainda não houve a conclusão das obras começadas. Mas não significam que depois de findas, trarão elas o conforto de quem as vai desfrutar.
É preciso pensar em tratar bem as pessoas, o cidadão comum, mesmo aquele que não paga impostos; é preciso que se tenha mais educação ao lidar com aqueles que vivem nos centros urbanos.
Governo de pessoas mal educadas, grosseiras, reflete o íntimo dos governantes. E os mal modos fatalmente se espalharão pela sociedade, no decorrer do tempo da gestão tosca.
Precisamos de gente amável, pessoas sociáveis, amenas, e não brutamontes asselvajados, dispostos a resolver tudo no grito, com ofensa, e à força.
É freqüente percebermos a mente sadia no corpo são. Da mesma forma, notamos os governos doentios, nas sociedades achacadiças. O ideal é termos o governo são, para a sociedade sadia.
Então, pouco importa as obras suntuosas, se elas não funcionam para atender as necessidades mais simples, ou urgentes das gentes que vivem nas aglomerações urbanas. É preciso amor, respeito, educação, boas palavras, boas idéias e noção de que devemos tratar as pessoas, que estão à nossa volta, do mesmo jeito que gostaríamos que nos tratassem.
Essa é a diferença entre o que espalha o governante interessado em obras, daquele que tem como meta, o conforto e os bons modos do cidadão urbanizado.
Na verdade carecemos de urbanidade, civilidade, cortesia, afabilidade, enfim, modos de gente bem educada.
A população que vive sob o governo de gente amável será também amável, e é exatamente isso o que nos falta, para que possamos subir um degrau a mais no desenvolvimento coletivo da nossa cidade, do nosso estado e do nosso país.
É necessário substituir essa falta de benevolência que presenciamos no dia-a-dia. Afinal, meu amigo, os maus tratos têm as mesmas características dos cânceres: são hostis, agressivos ao extremo, e insensíveis aos clamores de mudança.
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