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Humor-->O sem teto. -- 23/07/2002 - 10:12 (clovis bevilacqua) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O sem teto

Sou careca e isto me incomoda muito, e devido a isto não consigo passar desapercebido. A careca chama muito a atenção, parece uma lanterna acesa.
Pior do que isto só os apelidos:
Sem teto, Paul Castelha, Amazônia, aeroporto de mosquito, tobogã de piolho, pracinha, retrovisor de fusca, Espiridião Amin, isto sem mencionar os censurados como: bunda de neném, cabeça de braulho, chola, tricotomia, etc...
Sinto muita saudades do meu cabelo, que após vinte anos, decidiu divorcia-se da minha cabeça.
Lembro-me muito bem quando eu era hominho e meu pai me levava ao barbeiro. Naquela época eram dois o cortes de cabelos mais usados: o pigmaleão e "la homem". Até hoje não entendo o significado desses nomes, sei lá!
Mas isso não era sempre não. Quando meu pai não tinha dinheiro, ele mesmo cortava meu cabelo. Os famosos cortes: tigelinha, aritana, pinico, capacete, em fim uma bosta.
Quando isto acontecia eu não tinha coragem de sair na rua, era o maior sarro, até que um dia eu me revoltei e disse que ele não iria mais cortar meu cabelo.
Nesta ocasião, década de 80, era moda o "New Wave", eu tinha 16 anos, adolescente rebelde que era, deixei o cabelo crescer, como se diz em "italiano", virei "cabelong".
Eu me achava o máximo, tinha uma namorada que adorava minhas madeixas. Puta meu, como era ridículo aquilo.
Sempre que estávamos dando uns amasso, passava alguém gritando: - Vai sapatão! Demorei um pouco para entender o porque.
Algum tempo depois contra a minha vontade, mudei para uma cidade do interior, e consegui provocar uma revolução com a minha chegada.
Um homem usando cabelo comprido, na década de 80, era o cúmulo. O primeiro apelido que ganhei foi : Sansão. Eu era considerado uma aberração.
Cada vez que eu ia com o meu cunhado no bar da esquina, pra jogar um esnuquinho, lotava de gente à volta. Eu me sentia um animal no zoológico, se eu virasse de repente e fizesse buuuh!!!, não ficava um.
Devido a estes transtornos, tomei uma decisão, cortar o meu cabelo. Difícil foi encontrar um barbeiro que aceitasse o desafio.
Com muita dificuldade achei um que cobrou o quadruplo do preço normal. Foi o acontecimento do ano na cidade. Até a imprensa local foi acionada.
Bom depois desta fase, o tempo passou e o meu cabelo também passou e nunca mais voltou. Que saudades! Hoje afogo minhas mágoas nas velhas fotos.
Me lembro ainda de uma ocasião em que fui buscar umas muambas no Paraguai e já no outro lado da fronteira atravessando uma praça movimentada, fui abordado por um camelô paraguaio, que tentava insistentemente chamar minha a tenção, gritando: Careca, carecaá, ô careca!!!
Indignado virei para ele e disse, muito zangado.
- Com quem é que você está falando? Com este ou com este? Apontando pra mina cabeça e pro meu pinto. Foi o maior vexame, o camelô não sabia onde enfiar a cara.
Algum tempo atrás, comprei um spray "Instant Hair queda-livre", para passar na cabeça afim de esconder a careca. Sai de casa e fui surpreendido por uma bela chuva. Continuei careca mas ganhei um cavanhaque.
Percebendo que não adiantava lutar contra, assumi o novo visual e fundei a M.S.T. (movimento do sem teto).
Só uma coisa me intriga. Após anos de pesquisa, ainda não descobri quem foi o cabeludo mentiroso, e sarrísta que inventou aquela velha e máxima:
É DOS CARECAS QUE ELAS GOSTAM MAIS.
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