_____________________BRASÍLIA, 7 DE AGOSTO DE 2002
O que penso sobre cartas
Sinto falta de cartas. Elas sempre me mostraram que, em algum lugar, alguém pensava em mim de alguma forma. Talvez seja por isso que escrevo tantas cartas a estas pessoas que tão pouco conheço. Como um náufrago em ilha deserta, munido apenas de caneta, tinta, papel e garrafas me atiro ao mar em cartas esperando que alguém, um dia possa me ouvir e me responder.
As cartas sempre foram minhas favoritas. Não irei tirar o mérito dos artigos, cuja minha participação pode ser notada, criticada, apreciada ou expurgada, mas as cartas tem algo de belo. É como se minha vida tivesse algum valor, pois ela mexia em outra vida, tocava em outra alma.
Ai, cartas manuscritas. Tão lindas! Parece-me que sentimentos se perfilam e, apregoados ao papel, tomam formas mil: saudades, lembranças, medos, broncas, notas, pedidos, amores, tristezas, rogos, sonhos, todos tomam forma de letras cursivas, garranchos, rabiscos, letra-de-carreirinha, pedidos para a vizinha escrever (e ler, se há resposta).
Também são belas as cartas virtuais. Quem, em sã consciência, nunca correi como menino ou menina, de olhos grandes e pupilas alargadas para a caixa de mensagem de seu e-mail esperando uma nova notícia, uma esperança, cartinha de “eu te amo” de um amor ou de um amigo. Tem horas que a vontade de sentir o acalorado afeto da auteridade que até mesmo as correntes fazem lembrar que ali (ou lá) existe outra pessoa, e que não estou sozinho, e que não me sinto mais tão triste... porém, cartas são raras. Amigos, mais ainda. Colegas são exceções... vivemos no mundo individualista.
Portanto, tire uma ora do seu dia para enviar uma carta. Seja ela a quem for. Seja conhecido, parente, amigo ou amiga, namorado ou namorada. Verifique seu e-mail, dê resposta. Mostre que está vivo e se, algum dia eu te escrevi algo, por favor, mande-me uma missiva. Terá minha lealdade e carinho para sempre.
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